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Índios continuam "guardando" combustível de contrabandistas

Brasil Norte-Boa Vista-RR
Autor: AMILCAR JÚNIOR
18 de Mai de 2004

Os "pampeiros" abastecem em Santa Elena do Uairen (Venezuela) e depois descarregam na reserva indígena brasileira

Índios da reserva São Marcos, a 189 quilômetros de Boa Vista, ao Norte de Roraima, são acusados de estar contrabandeando combustível da Venezuela. A denúncia feita este final de semana pela repórter Loredana Kotinsk, do jornal A Crítica, de Manaus (AM), mostrou como funciona todo o esquema.

Contrabandistas conhecidos como "pampeiros", que usam principalmente carros da marca Pampa com tanques adulterados, abastecem em Santa Elena do Uairen, primeira cidade venezuelana, e depois descarregam na reserva indígena São Marcos - já em solo brasileiro - a 35 quilômetros da fronteira.

A margem de lucro dos contrabandistas chega a impressionar. Quem realiza até cinco viagens por semana fatura algo em torno de R$ 600,00. A facilidade ocorre porque o preço do litro da gasolina, no País vizinho, não ultrapassa os 20 centavos. Em Boa Vista, em média, o litro custa R$ 1,95.

Como é mais cansativo e arriscado contrabandear de Santa Elena a Capital roraimense, os pampeiros pagam R$ 10,00 (por dia) para guardar o combustível na reserva, até conseguirem uma grande quantidade. Dentro das terras da União e com o aval dos índios, os contrabandistas ficam livres para negociar.

No local, a poucos metros da BR-174, foi montado um galpão para acondicionar gasolina, óleo diesel e outras mercadorias venezuelanas, como leite e cerveja. Em alguns casos, os índios compram os produtos para revender com grande margem de lucro. O movimento intensifica-se aos finais de semana.

Conhecidos
Na reserva, apenas as pessoas conhecidas podem guardar ou vender seus produtos. A gasolina, por exemplo, comprada na Venezuela a 20 centavos, pode ser adquirida no local a R$ 1,00 - o litro.
Pampeiros alegam que a falta de emprego os obrigou a contrabandear produtos venezuelanos. Os índios informaram que o dinheiro do "aluguel" do galpão e do lucro da revenda é usado para comprar alimentos.

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