Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Silvia Frias | Daniella Arruda
28 de Mar de 2003
Grupo de 45 índios terenas esteve ontem à tarde, no Hotel Jandaia, para entregar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva documento pedindo ajuda financeira e que explica a disputa judicial das quatro propriedades rurais localizadas no município de Dois Irmãos do Buriti. Os índios invadiram as fazendas há 35 dias, expulsando 15 famílias, entre colonos e fazendeiros.
Um dos representantes do grupo, Samuel Dias, explica que o documento foi elaborado pelas lideranças das nove aldeias terenas, em que vivem três mil famílias. O texto explica a situação existente desde o dia 22 de fevereiro, quando cerca de 180 famílias indígenas ocuparam a Fazenda Buriti reivindicando as terras, alegando que pertencem historicamente à comunidade.
Os terenas chegaram a Campo Grande por volta das 10h30min de ontem, dirigindo-se à sede da Funai (Fundação Nacional do Índio) e depois ao Hotel Jandaia, mas não conseguiram entregar o documento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles receberam a promessa do senador da República Delcídio do Amaral, de que poderiam encontrar o presidente no final da tarde. Por volta das 18h30min, dois líderes indígenas se encontraram com o presidente no saguão do hotel e entregaram o documento. O líder Samuel Dias disse que espera que o material seja analisado com cuidado, pois "estamos lutando há mais de 70 anos, não é luta de hoje".
Solicitação
No documento, as representações indígenas de sete aldeias (Buriti, Água Azul, Tereré, Barreirinho, Córrego do Meio, Recanto e Oliveira) solicitam que sejam liberados, em caráter de urgência, recursos financeiros para a administração regional da Funai de Campo Grande, com o propósito de auxiliar especificamente o posto indígena Buriti, que atende a região do conflito. "Precisamos de ajuda para alimentação e plantio para nos manter na região até que saia a decisão da Justiça,", disse o cacique da Aldeia Buriti, Egídio Mamedes. A área reivindicada pelos índios totaliza 2.090 hectares.
Eles também solicitam que haja agilização dos processos judiciais em torno das terras por parte do Poder Judiciário, destacando que "enquanto não houver providências, continuaremos sem as mínimas condições de dignamente sobreviver e reproduzir nossa cultura". Também são pedidos "recursos para efetiva indenização dos proprietários, que de boa-fé usufruíram das terras tradicionalmente indígenas".
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