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Índios conduzem andor em Olinda

Jornal do Commercio-Manaus-AM
11 de Dez de 2002

Procissão em homenagem a Nossa Senhora de Guadalupe dos Homens Pardos vai percorrer as ladeiras da Cidade Alta de Olinda amanhã

Uma procissão diferente, em homenagem a Nossa Senhora de Guadalupe dos Homens
Pardos, vai percorrer as ladeiras da Cidade Alta de Olinda, a partir das 18h de amanhã. O
andor com a imagem da santa, padroeira da América Latina, será conduzido por índios da tribo
Xucuru de Pesqueira. Nove painéis de madeira contando a história de Nossa Senhora de
Guadalupe, confeccionados pelo artista plástico Romero de Andrade Lima, acompanharão o
cortejo.
Depois da procissão, os estandartes ficarão expostos na Igreja de Nossa Senhora de
Guadalupe. O evento faz parte das comemorações pelos 20 anos do título de Cidade
Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, concedido a Olinda pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no dia 14 de dezembro de
1982. O cortejo sai da Igreja da Misericórdia em direção à de Guadalupe.
A procissão é a primeira atividade do programa Imagens e Sons da Cidade, organizado pela
Casa de Cultura dos Povos de Língua Portuguesa da Secretaria de Patrimônio, Ciência e
Cultura de Olinda. "Nosso objetivo é resgatar a memória da cidade e começamos pela questão
indígena. Teremos outras ações e vamos fechar o programa com a Conferência dos Povos
Indígenas em Olinda, em dezembro de 2003", declara o diretor da casa, Plínio Victor.
Ele informa que a programação teve início ontem com uma exibição de vídeos sobre a
temática indígena, no Largo de Guadalupe. A mostra é repetida hoje, a partir das 20h. O
programa conta com apoio do Conselho Indigenista Missionário da Confederação Nacional dos
Bispos do Brasil (Cimi/CNBB) e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal.
De acordo com Plínio Victor, a devoção a Nossa Senhora de Guadalupe não é comum entre os
portugueses, colonizadores do Brasil. "Até o século 20, a única igreja brasileira sob invocação
da santa era a de Olinda, que foi construída pela Confraria de Nossa Senhora de Guadalupe
dos Homens Pardos da cidade em 1626", afirma. Plínio Victor acrescenta que, no século 17,
os pardos incluíam índios, mestiços de índios e caboclos.
"Naquela época, já havia igrejas de homens brancos e negros em Olinda, mas os índios não se
sentiam representados e resolveram construir um templo para eles", diz. Ele explica que
existem duas devoções a Nossa Senhora de Guadalupe, uma espanhola (representada pela
imagem da santa com o menino num braço e o cetro no outro, comemorada no dia 8 de
setembro) e outra mexicana, lembrada sempre no dia 12 de dezembro.
Ao fazer a igreja em Olinda, os índios escolheram a invocação mexicana da santa, que
aparece com as mãos postas como a Imaculada Conceição. A tradição mexicana teve início
em 1531 quando a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe apareceu ao índio Juan Diego no
Monte Tepiác e pediu que fosse construído um santuário em sua homenagem. "Nesse tempo,
as ordens religiosas percorriam a América Latina para catequizar os índios e usaram a
aparição como exemplo", diz Plínio Victor.

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