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Indios colombianos marcham em protesto

JB, Internacional, p.A14
17 de Set de 2004

Índios colombianos marcham em protesto
Mais de 40 mil chegam a Cali em busca de Justiça

Verena Glass
SÃO PAULO - No dia 4 de setembro, 400 índios de Cauca (Sudoeste colombiano) tentaram resgatar o prefeito de Toribío, Arquímedes Vitonás, seqüestrado em agosto com outros quatro líderes indígenas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Aparentemente, não havia motivação e todos foram soltos. O incidente se seguiu a outro, quando seis líderes indígenas foram assassinados pelo Exército, também sem razão aparente. As ações foram condenadas pelo Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU.
Cauca, com 42 mil km2, é dirigida há mais de 20 anos por autogestão baseada na cultura e nos conhecimentos ancestrais - o premiado Projeto Nasa (Projeto de Vida, no idioma local). Apesar de desmilitarizada em 1998 pelo presidente Andrés Pastrana, lá as comunidades indígenas são alvo de ataques freqüentes. Só em 2003 foram mais de 100 assassinatos de lideranças, segundo a ONU.
- A presença cada vez maior de militares, paramilitares e rebeldes violenta a autonomia, restringe o livre trânsito de pessoas, alimentos e medicamentos Cada um trata de envolver os indígenas na guerra, recrutando-os, desconhecendo suas autoridades e impondo sua lei - diz o presidente da Organização Nacional Indígena da Colômbia (Onic), Luis Andrade:
Estes e outros problemas, como os desalojados pela fumigação das lavouras de coca, são o pano de fundo da Marcha pela Vida, a Autonomia, a Liberdade, a Justiça e a Alegria, com 50 mil participantes, que chegou ontem a Cali. O grupo se encontrou com outras tribos, movimentos sociais e 14 senadores para discutir medidas emergenciais para fortalecer a resistência.
O Congresso debaterá a criação de uma frente contra a repressão, visando a uma saída negociada do conflito com participação indígena, cessar fogo com supervisão internacional e ressarcimento de perdas. Outra, para exigir a rejeição das reformas que suprimem o direito indígena às terras de seus ancestrais, retira garantias civis, garante a impunidade dos paramilitares e permite a reeleição de Uribe, e uma terceira contra o Tratado de Livre Comércio (TLC Andino) e a Alca.
Apesar de centralizada em Cali, a mobilização indígena também se estende a Bogotá. Outros grupos, como 7 mil índios Zenú, estão marchando de Sampués a Sincelejo. Os Wayúu vão de Cuatro Vías (Maicao, Guajira) a Riohacha; os Mocaná, no Atlântico, vão de Galapa a Barranquilla.
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JB, 17/09/2004, p. A14

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