OESP, Nacional, p. A12
05 de Jul de 2006
Índios caripunas têm 9 reféns no AP
Eles dizem que só vão liberar funcionários quando receberem verba de convênio para ações de saúde nas aldeias
Alcinéa Cavalcante ESPECIAL PARA O ESTADO
Nove funcionários da Funasa estão sendo mantidos como reféns, desde ontem, pelos índios caripunas, na aldeia do Manga, município de Oiapoque (600 km da capital Macapá).
Os funcionários só serão liberados quando a Funasa fizer o depósito de R$ 1,6 milhão na conta da Associação dos Povos Indígenas do Tumucumaque (Apitu). O valor é referente a primeira parcela de um convênio de R$ 3,1 bilhões para desenvolver ações básicas de saúde nas aldeias indígenas, como compra de medicamentos, alimentação para os indígenas doentes e o pagamento dos agentes de saúde, que estão há três meses sem receber salários.
De acordo com o superintendente da Funasa no Amapá, Abelardo Junior, a burocracia está atrasando a aprovação do convênio e a liberação dos recursos. "O convênio foi acertado em março e no início de junho veio um técnico de Brasília para os últimos detalhes, mas a burocracia impede que as coisas andem rápido", disse. "É provável que a primeira parcela seja liberada ainda amanhã (quarta-feira)." Ele falou por telefone com os funcionários e afirmou que nenhum foi hostilizado. "Eles só não podem sair da aldeia."
Chamados pelos caciques para um reunião, nove funcionários da Funasa viajaram no domingo para a aldeia. A reunião aconteceu ontem e ao final dela os índios informaram que eles não poderiam sair de lá. Só quando os recursos fossem liberados. O superintendente da Funasa só não participou da reunião porque seu carro quebrou na ida para Oiapoque.
Nos últimos meses, quatro índios teriam morrido por falta de atendimento médico.
Por meio da assessoria de imprensa, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, afirmou que pediu informações sobre os acontecimentos envolvendo funcionários da Funasa e só se pronunciará sobre o caso depois de ouvir o relato dos servidores da Funai no local. Lembrou ainda que a entidade tem intensificado a parceria com a Funasa no atendimento das aldeias, o que incluiu novo programa de treinamento dos agentes da Funasa.
No nordeste do Pará, os índios Tembé libertaram no final da manhã de ontem os seis servidores da Funasa que eram mantidos reféns desde quarta-feira passada na aldeia São Pedro, no Alto Rio Guamá, uma região devastada por madeireiros e ocupada por invasores de terra. Os funcionários da área de engenharia do órgão trabalhavam na perfuração de um poço artesiano quando foram impedidos de sair da aldeia.
Eles pretendiam retirar as máquinas de perfuração do local, alegando que precisavam refazer o serviço. Os índios não permitiram. De acordo com os servidores libertados não houve hostilidade ou agressão física.
A condição para a soltura dos reféns foi o compromisso assumido pela Funasa de pagar as parcelas atrasadas de um convênio firmado dois anos atrás entre o órgão e a Associação dos Índios Tembé. Na tarde de terça-feira foi liberada uma das parcelas retidas, no valor de R$ 99,4 mil.
OESP, 05/07/2006, Nacional, p. A12
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