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Índios aprendem língua tupiniquim em aldeias do ES

Jornal Séculodiário-Vitória-ES
Autor: Flávia Bernardes
24 de Set de 2004

Todos os índios das aldeias tupiniquim do norte do Espírito Santo, desde a educação infantil até os adultos, iniciaram aulas sobre a língua tupiniquim. A matéria faz parte da grade escolar e tem o objetivo de ensinar e conservar o idioma nestas aldeias, a fim de valorizar a cultura indígena.

A iniciativa abrange as aldeias de Caieras Velha, Pau Brasil, Comboios e Irajá, de origem tupiniquim. Nas demais aldeias, Boa esperança, Três Palmeiras e Piraqueaçu, de origem guarani, projeto semelhante existe há anos, englobando as escolas de ensino fundamental, que ensinam, simultaneamente, o português e o guarani.

Para a realização das aulas sobre tupiniquim, todos os professores das aldeias passaram por um curso de capacitação com o professor de lingüística da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Eduardo Navarro, de São Paulo.

Segundo a professora Marilene Costa Isidora, de Caieras Velhas, que participou da capacitação, além dos alunos das escolas, associados da Associação Indígena Tupiniquim Guarani (AITG) também podem participar das aulas.

O Ensino Fundamental - da 1o a 4o série -, é aplicado em todas as aldeias capixabas. Depois, os índios começam a estudar nos bairros vizinhos, para completar os estudos até a 8o série. "Todos terão o acesso às aulas de tupiniquim. Os alunos que saíram das aldeias para completar os estudos, também contam com o suporte dos professores para se adaptarem novamente à aldeia e aprenderem o tupiniquim", explicou.

Em Caieras Velha, por exemplo, cerca de 321 crianças cursam o Ensino Fundamental, 140 o Educação Infantil e 100 o Ensino Médio. "Cerca de 99% dos alunos das aldeias terão acesso ao tupiniquim", disse ela.

As aulas em tupiniquim servem para aumentar o reconhecimento e o respeito, além de incentivar o exercício da cultura em todas as suas nuanças, como religiosidade, modo de vida, organização política e diversidade.

Das 1.163 crianças e adolescentes indígenas que vivem nas aldeias do Estado, cerca de 705 estão em idade escolar. Os dados são do censo feito pela Funai de Governador Valadares, responsável pelas ações no Estado e em Minas Gerais, realizado em 2003. Além dos 705 em idade escolar, cerca de 40 alunos de 18 à 30 anos cursam o Ensino Superior, fora da aldeia.

Em relação a esta formação, os índios capixabas reivindicam da Aracruz Celulose (que há anos está com a posse de suas terras), cursos relacionados à realidade indígena, como agricultura, por exemplo. Segundo eles, são muito poucos índios que conseguem chegar ao ensino superior, e os que não chegam, necessitam de mais cursos de especialização, para então conseguir trabalho dentro da própria comunidade.

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