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Índios ameaçam queimar máquinas

A Tarde
Autor: ANDRÉA MOREIRA
29 de Jan de 2008

Índios tupinambás da Serra do Padeiro, em Buerarema (a 450 km de Salvador, na região sul ), apreenderam quatro caminhões, uma patrol e uma pá-carregadeira da prefeitura daquele município e ameaçam atear fogo, caso as reivindicações não sejam atendidas. Rosivaldo Ferreira, o cacique Babau, diz que as máquinas só serão devolvidas se a
prefeitura fizer as obras nas estradas vicinais do local.

"Há 12 anos, eles prometem e não cumprem. É por essas estradas que escoam a produção agrícola da região, inclusive a nossa", explica. Os manifestantes alegam que funcionários da prefeitura estavam retirando cascalho sem autorização, nas propriedades indígenas.

"No ano passado, nós fizemos um acordo com o prefeito Orlando Filho. Ele podia retirar cascalho daqui, mas tinha que melhorar os 31 km de acesso até a Vila Brasil e os 25 km de ramais. E ele não fez isso". Nas propriedades são produzidas farinha de mandioca, abacaxi, banana e cacau.

Além do problema das estradas, os 900 índios também reclamam do abandono na área de saúde. Babau relata que os seis agentes de saúde tupinambás da região não recebem os salários há 10 meses e que os índios não são atendidos nos postos de saúde do município.

"No domingo, uma índia de 52 anos morreu aqui por problemas de falta de ar e não tem ninguém para atender. E hoje nós chamamos um carro da Funasa para levar uma grávida que estava passando mal". Enquanto os problemas não são resolvidos, os índios buscam retomar suas terras.

O cacique relata que somente na semana passada foram retomadas três fazendas da região e pretendem ocupar mais 10. "A Funai ainda não publicou nada sobre a nossa área. 71 mil hectares, da Serra do Padeiro até Olivença, em Ilhéus", conta Babau.

OUTRO LADO - O prefeito de Buerarema, Orlando Filho (DEM), informou que já solicitou à Justiça o pedido para devolução dos caminhões locados e da patrol que pertencem à prefeitura, e também uma ação contra a Funai. "Eu contratei os motoristas que iriam receber por dia de trabalho e eles estão parados".

Indignado com a situação, o prefeito diz que "eles não são índios e já está provado. Eu conheço os pais de Babau e eles não são índios. Babau era ajudante de garçom em Porto Seguro, depois voltou e agora diz que é índio".
Orlando conta que a região é 90% formada por pequenos produtores e que a Serra do Padeiro onde os índios estão pertence ao município de Una.

"Eu estou fazendo melhorias nas estradas de Una. No ano passado, eu não consegui fazer todas as vias e estava fazendo isso agora", relata. Sobre a falta de pagamento dos agentes de saúde, Orlando Filho explica que não é de responsabilidade de Buerarema administrar os recursos do Programa de Saúde da Família Indígena "Eu fui a Brasília e avisei à Funasa que não iria mexer com o dinheiro e comecei a devolver. Depois juntei em uma conta um montante de mais de R$ 100 mil e devolvi.

No ano passado, Babau invadiu a prefeitura por que eu não comprei um caminhão com esses recursos. Eu já expliquei que isso não é permitido por lei. O dinheiro é para a saúde e quem tem que administrar é Una", assinala o prefeito.

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