Folha de Boa Vista
02 de Ago de 2007
O coordenador regional do CIR (Conselho Indígena de Roraima), Nelino Galé, que está à frente do grupo que tomou posse da fazenda União, disse que a ação faz parte de um plano de apropriação que o CIR está executando, já que o processo de retirada dos não índios, realizado pelo Governo Federal, está muito lento, segundo ele.
Galé afirmou à equipe de Reportagem da Folha, ontem na sede da fazenda União, que o grupo irá realizar a ocupação de todas as propriedades que ainda estão ocupadas em uma reta até o Município de Normandia, fechando assim, os limites da terra indígena Raposa Serra do Sol.
"Não temos mais como esperar pela ação do Governo Federal. Queremos tomar posse do que nos pertence o mais rápido possível. Temos várias famílias para instalar e ações administrativas a tomar. Precisamos começar a produzir para alimentar o nosso povo", ressaltou.
Ele disse que os índios não estão agindo de má fé e nem fora da lei, pelo contrário, estão respaldados judicialmente. "Não fomos nós que demarcamos a Raposa, foram os não índios. Foi a ação dos parlamentares de vocês e do próprio presidente Lula que determinou a Raposa como nossa. Só queremos agora morar nessas terras", destacou.
Questionando porque os veículos que estão transportando os índios do CIR estão com as placas cobertas por papel branco fixado com fita gomada, Galé disse que estão com medo da fiscalização da polícia. Ele afirmou que todos os veículos utilizados são de propriedade das comunidades indígenas, mas não soube responder quais seriam as irregularidades dos veículos.
Ele afirmou também que os professores indígenas ligados ao CIR estão todos dando apoio ao movimento de ocupação e que não estaria havendo aula, até porque, o calendário escolar das comunidades indígenas é diferente e agora é período de férias.
"Além dos professores estamos tendo apoio de agentes de saúde e catequistas. São todos índios e não podem ficar de fora desse movimento. Eles estão lutando pelos seus interesses", enfatizou.
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