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Índios afirmam que ficam

Tribuna do Brasil - http://www.tribunadobrasil.com.br/
Autor: Emanuelle Coelho
13 de Jul de 2010

Justiça determinou desocupação da área e Operação recolheu barracas e utensílios

Os cerca de 80 índios que ocupam a Esplanada dos Ministérios há seis meses garantem que vão permanecer no local. A Justiça determinou que eles desocupem a Esplanada. Em uma operação no sábado passado, policiais militares, civis, federais e fiscais do governo recolheram as barracas e utensílios. Sem a mínima estrutura, com banheiro improvisado, dormindo em redes, e com dificuldades para se alimentar, afirmam que o acampamento não é feito de lona, mas sim de pessoas. Algumas mulheres e crianças foram encaminhadas para abrigos nas regiões administrativas de Vicente Pires e Paranoá, mas algumas ainda permanecem no acampamento.
O índio Taponoyê Xukuru, um dos líderes do movimento, diz que o espaço é público e que ninguém pode tirar o direito do cidadão de ir e vir. "Estamos passando frio à noite e ficando no sol durante o dia. Não podemos receber doações porque os policias não deixam. Mas ninguém sai daqui enquanto não atenderem nossas reivindicações", afirma. A luta é pela destituição imediata do presidente da Funai, Márcio Meira, a reabertura de unidades regionais da Fundação Nacional do Índio e a pela revogação do Decreto Presidencial 7056/09. O documento extingue 42 administrações regionais, 400 postos indígenas e substitui antigos servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai). "Com esse decreto, não respeitam nossos direitos. Estão fazendo com que os brancos tenham acesso às aldeias para mineração em terras indígenas", especifica Taponoyê.
Ontem pela manhã, os indígenas se reuniram com o senador Cristovam Buarque. O encontro discutiu a ação dos policiais. Para os índios, houve abuso de poder durante a operação de sábado. Na reunião, o senador teria dito que vai estudar o decreto, para propor uma reforma ou uma revogação. Os manifestantes foram ainda no Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) para tentar reaver os pertences confiscados no sábado.
Também nesta segunda-feira, um ônibus com aproximadamente 40 indígenas da tribo Guajajara ( Maranhão) chegou ao local para reforçar o movimento. De acordo com as lideranças locais, mais índios de todas as partes do país chegarão durante a semana.
Para a cacica Antônia de Souza Guajajara, da Aldeia Tamarindo, no Maranhão, a situação está muito precária. "Estamos arriscando nossas vidas. Mas vai valer a pena por estamos aqui para defender nossos direitos. Não temos mais atendimento nem da saúde nem da educação, não temos remédios, não temos nada. Não respeitaram nosso Estatuto. Índios nós somos e vamos morrer índios", frisa.
Chorando, a índia Edileide Guajajara diz que está no local porque foram retirados seus direitos. "Invasores estão entrando em nossas áreas, caçadores entram em nossas terras. Vamos ficar aqui até quando resolverem nossas causas para nós. Posso morrer, mas vou morrer com dignidade aqui", relata.
A Polícia Militar permanece monitorando o movimento A corporação afirma que não pode proibi-los de ficar no local, mas que eles não têm permissão de montar novas barracas.
Em nota, a Funai informou que fez várias negociações para retirada voluntária dos remanescentes no acampamento indígena localizado na Esplanada dos Ministérios, mas eles recusaram. De acordo com a nota, as negociações estabelecidas entre os indígenas e a Funai resultaram na retirada voluntária de 186 índios do local, lá remanescendo outros que não representam qualquer etnia. "Ainda assim, os canais de comunicação mantiveram-se abertos, mas os indígenas se recusaram sequer a dialogar com a Funai. Diante do exposto, e da ilegalidade da situação presente, em que um grupo ocupa uma área pública, a Polícia Militar do Governo do Distrito Federal cumpriu a autorização judicial, procedendo à retirada do acampamento. Tal qual oferecido e cumprido para a retirada dos primeiros 186 indígenas, a Funai disponibilizou transporte, alimentação e vagas em hotéis para aqueles que não residem em Brasília, até o retorno às suas aldeias", relata o documento.

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