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Índios acampam em terra em litígio no Vale

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
28 de Jan de 2006

Tribo da Aldeia Bugio reclama área produtora e diz que está tentando
evitar a extração de madeira

Na tentativa de conter a extração de madeira, cerca de 100 indígenas
da Aldeia Bugio, da Reserva Duque da Caxias, armaram acampamento em
uma área que está sob poder da Justiça, na localidade de Bom
Sucesso.

Desde sexta-feira de manhã limpando as terras, a comunidade indígena
reivindica que uma madeireira pare de cortar árvores nos lugares
onde índios pedem, através de uma ação que corre na Justiça Federal
de Joinville, a reintegração de posse. A previsão é que a partir de
segunda-feira outros mil índios se integrem ao grupo.

O cacique-presidente da reserva indígena, Lauro Juvei, diz que uma
reunião com líderes indígenas, madeireiros, Ministério Público
Federal e a Justiça Federal de Joinville está agendada para o dia 1o
de fevereiro. A intenção, segundo Juvei, é que se resolva a
demarcação das terras e se embargue a extração de madeira em áreas
de litígio. Por enquanto, 14 dos 37 mil hectares de terras estão sob
comando dos índios.

- Ficamos só esperando a Justiça e enquanto isso o povo está tirando
nossa madeira. Agora decidimos limpar nossas terras. Queremos que o
governo indenize os colonos para nos deixarem em paz - disse o índio
João Nunc-Nfoônro de Almeida, integrante da Aldeia Bugio.

Caminhão com pinus é mantido dentro do local : A comunidade não tem
data para liberar o local. E, embora diga que a intenção não é ir
contra os agricultores, o grupo alerta que entrará em confronto caso
necessário. Sexta-feira de manhã, índios começavam a limpar a área
para levantar a barraca durante a noite. O indígena Olímpio Severino
da Silva, 66 anos, não esquece das vezes que acompanhava a mãe,
ainda criança, na colheita de pinhão em meio a mata nativa.

- Hoje estou aqui para voltar a ter as terras e tentar acabar com a
devastação.

Há quatro dias, a comunidade interceptou um caminhão de uma
madeireira de Benedito Novo carregado de pinus. Eles liberaram o
motorista e mantinham, até ontem, o veículo e os 58 metros de
madeira nas terras da reserva indígena.

Um ofício comunicando o fato foi encaminhado à Procuradoria da
República, Polícia Federal e Funai. Um inquérito também foi
instaurado para apurar a autoria do caso.

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