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Índios acampam em Passo Fundo

Zero Hora-Porto Alegre-RS
Autor: CLEBER BERTONCELLO
07 de Jun de 2004

Caingangues apelam para desarmamento em reserva

Cem caingangues da reserva do Ligeiro, em Charrua, no norte do Estado, acamparam em Passo Fundo no final de semana para exigir o desarmamento da aldeia e eleições para cacique.

Nas duas últimas semanas, a casa de um vereador indígena expulso da reserva foi alvejada por tiros e uma caminhonete da Fundação Nacional do Índio (Funai) foi alvo de emboscada - um índio foi ferido por estilhaços de bala.

Na tarde de ontem, ao chegar à associação de funcionários da Funai, onde estavam os indígenas, o administrador executivo da fundação, Neri Ribeiro, foi recebido com hostilidade e levado a uma sala do prédio. Alguns índios ameaçaram reter o administrador caso as negociações não avançassem.

Após ser liberado pelos caingangues, cerca de meia hora depois, Ribeiro disse que serão tomadas providências nos próximos dias para atender às reivindicações dos indígenas, que se dizem perseguidos pelo cacique da reserva, Danilo Braga.

- Estamos conversando com o Ministério Público e a Polícia Federal para melhorar a situação em Charrua. Fiz um acordo com esse grupo, e a Funai dará alimentos, colchões e cobertores para que eles fiquem na associação enquanto não é resolvido o impasse. É melhor isso do que eles voltarem para lá e haver outros conflitos - explica Ribeiro.

Grupo marchou até associação e violou porta

Os índios pressionam a entidade para que seja feito o desarmamento na reserva e, posteriormente, uma nova eleição na aldeia.

Depois de ameaçar invadir a sede da Funai, no centro de Passo Fundo, na noite de sábado, eles se alojaram na associação, onde devem permanecer durante esta semana. A movimentação dos indígenas em Passo Fundo teve início por volta das 17h de sábado, quando três ônibus deixaram o grupo em frente à sede da Funai, no Centro.

Eles pretendiam conversar com o administrador Ribeiro, que estava em Porto Alegre. A presença incomum dos índios chamou a atenção dos moradores vizinhos ao prédio da entidade. Das sacadas dos edifícios, eles observavam homens, mulheres e crianças improvisando camas na calçada ao cair da noite.

Por volta das 23h, o grupo fez uma marcha até a associação de funcionários da entidade, distante cerca de oito quilômetros. Chegando lá, os índios arrombaram a porta e se alojaram no local. Por volta das 14h de ontem, Ribeiro e o funcionário da Funai João Ferrareze foram até a associação falar com os indígenas.

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