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Índios: 0,2% da população, 25% dos executados no Brasil

Reporter Social.com.br
Autor: Lígia Ligabue
19 de Set de 2003

Pelo menos 92 índios foram executados nos últimos seis anos no Brasil. Os dados constam do relatório "Execuções Sumárias no Brasil - 1997-2003", divulgado nesta segunda-feira pelo Centro de Justiça Global e pelo Núcleo de Estudos dos Negros. Segundo as duas organizações não-governamentais, os principais mandantes são latifundiários. Outra causa seria a impunidade. O relatório denuncia negligência do governo brasileiro na investigação das denúncias.

O total de índios executados representa quase 25% do total de pessoas executadas no Brasil no período: 379, conforme levantamento das ONGs em 24 Estados da Federação. A lentidão do governo em demarcar terras indígenas, o avanço dos madeireiros, mineradores e fazendeiros contribuiu, conforme o relatório, para o aumento de assassinatos de índios, principalmente no Nordeste.

Entre 1997 e 2003, 92 índios foram mortos. Só no primeiro semestre deste ano, 19 índios foram assassinados. As principais tribos ameaçadas, os Pataxó Hã-Hã-Hãe, em Pau Brasil, Bahia, e os Xucuru, em Pernambuco, tinham pedido proteção policial para seus líderes, informam as ONGs, mas não foram atendidos.

Os caciques dessas tribos participavam de discussões na Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre demarcação de terras e invasão de agricultores. Foram mortos em emboscadas. Um deles foi metralhado.

Em Roraima, o núcleo do problema está na falta de homologação da reserva da Raposa Serra do Sol, no extremo norte do País. A região abriga 15 mil índios de várias tribos. Dirigentes indígenas são mortos em emboscadas, armadas por pistoleiros pagos por grandes fazendeiros, que não concordam com a demarcação de terras. Segundo as ONGs, a homologação precisa apenas da assinatura do presidente para entrar em vigor.

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