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Índio Tupinambás ocupam prefeitura de Una

A Tarde-Salvador-BA
Autor: Luiz Conceição
10 de Fev de 2006

Mais de 100 indígenas protestam por causa de um surto de catapora nas
aldeias e reivindicam atendimento médico

Cerca de 100 índios da etnia
tupinambá, da comunidade da Serra do Padeiro, entre os municípios de
Buerarema e Una, no sul do Estado, invadiram, ontem, o Centro
Administrativo de Una, incluindo a prefeitura municipal, a 548 km de
Salvador. Os indígenas protestam pela ocorrência de um surto de
catapora em uma das aldeias, devido à falta de atendimento médico.
Além disso, os tupinambás se mostram revoltados pelo fato de a
Fundação Nacional de Saúde (Funasa) ter repassado ao município R$ 120
mil, desde outubro do ano passado, para a criação de uma equipe do
Programa de Saúde da Família Indígena (PSFI), o que até hoje não se
deu. Segundo a chefe de Controle Interno da Prefeitura, Cândida de
Oliveira Chaves, a Funasa tem conhecimento de que a sede municipal
fica a 72 km de distância da comunidade, estrada sem pavimentação, o
que torna impossível um controle da equipe e das ações de saúde.

Os tupinambás chegaram ao Centro Administrativo por volta das 9 horas
de ontem. Ocuparam o hall, no andar térreo, e os corredores do
pavimento superior, onde estão os gabinetes de diretores, secretários
e do prefeito José Bispo Santos, Zé Pretinho (PT do B), que estava
fora da cidade. O cacique Rosivaldo Ferreira da Silva, Babau,
conversou com os representantes do município e, a princípio, declarou
que nenhum funcionário deixaria a prefeitura

ACORDO - À tarde, o cacique fechou um acordo pelo qual ninguém seria
molestado e poderia ir para casa livremente. Isso, porque a
superintendência regional da Funasa, na Bahia, enviou um funcionário
de carro para negociar uma saída para as questões levantadas pelos
indígenas: atendimento médico precário, falta de remédios, criação da
equipe do PSFI e pagamento de um motorista para o veículo da Funai que
têm à disposição. Também se dispôs a liberar o pagamento de oito meses
da equipe médica que atendia aos tupinambás.
Segundo o cacique Babau só na Serra do Padeiro são 130 famílias e
cerca de 650 pessoas. Ainda falta o atendimento das comunidades da
Serra das Trempes, em Una, e da Aldeia Nova Vida, no município de
Camamu. O cacique informa que pelo menos três contatos foram mantidos
com o prefeito José Bispo Santos, Zé Pretinho, sendo o último no dia
1o deste mês. Os índios permanecem no Centro Administrativo até o
fechamento desta edição.
O OUTRO LADO - A Prefeitura de Una alega que não tem interesse em
prestar assistência aos índios, enquanto a Prefeitura de Buerarema
também se nega, embora venham recebendo os recursos destinados à saúde
dos índios, que somariam mais de R$ 150 mil, informação que A TARDE
noticiou em 27 de janeiro deste ano, quando os tupinambás reforçaram a
invasão de fazendas em Itaju do Colônia. As lideranças ficaram de
protocolar junto à Procuradoria da República em Ilhéus todas estas
denúncias e solicitar providências às autoridades competentes.

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