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Índio é 'resgatado' de árvores após 26h

OESP, Metrópole, p. A18
18 de Dez de 2013

Índio é 'resgatado' de árvores após 26h
Cinco bombeiros fizeram operação com rapel

Marcelo Gomes

Depois de 26 horas de protesto, o índio Urutau Guajajara, de 53 anos, foi retirado, às 11h de ontem, de cima da árvore onde resistia à desocupação do prédio do antigo Museu do índio, nas imediações do Estádio do Maracanã, zona norte do Rio. Cinco bombeiros participaram da operação, realizada com rapel.
Debilitado, o índio foi levado numa ambulância para o Hospital Souza Aguiar. Ele ficou praticamente todo o tempo sem beber água e se alimentar. Em seguida, foi conduzido em uma viatura do Batalhão de Choque da Polícia Militar para a 18.ª DP, onde prestou depoimento e foi liberado.
Urutau, cujo nome civil é José Wilhame Pinto Araújo, disse que os oficiais dos bombeiros mentiram ao tentar convencê-lo a descer da árvore. "Eu desci por livre e espontânea pressão", afirmou Urutau. Popularmente conhecida como munguba (cujo nome científico é Pachira aquatica), a árvore é comum na arborização da cidade.
O índio mostrou arranhões e hematomas no pescoço, peito, braço e na perna. Disse que foi retirado da árvore à força, e que se íhachucou ao ser içado. No entanto, em seu depoimento, ao qual o Estado teve acesso, Urutau afirmou que "não foi agredido em qualquer momento por parte dos agentes das forças que ali estavam", e que "se compromete a comparecer em juízo quando solicitado".
O delegado Marco Aurélio Ribeiro, da 18.ª DP, disse que será apurado se Urutau praticou crime de desobediência. Ele não foi indiciado, segundo Ribeiro.
Perfil. Nascido na aldeia Lagoa Comprida, no município maranhense de Barra do Corda, Urutau vive no Rio há 20 anos. É casado há 18 anos com Potira, com quem tem três filhas (todas cariocas), de 15,13 e 4 anos.
Mestre em Antropologia Linguística pela UFRJ, Urutau leciona língua e cultura tupi-guarani e educação e cultura indígena no Instituto Superior de Educação do Rio (Iserj) há três anos.
Também ensinava tupi-guarani na Aldeia Maracanã. Graduou-se em Pedagogia pela Universidade Estácio de Sá. Já foi pesquisador do Museu Nacional/UFRJ.

OESP, 18/12/2013, Metrópole, p. A18

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