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Índio do AM vence barreira do idioma e vira enfermeiro para atuar em aldeia

G1 - http://g1.globo.com
17 de Fev de 2013

Jorge teve aulas de português e precisou morar em orfanato por quatro anos.
'Quero ajudar meu povo', disse indígena sobre voltar à aldeia Campo Alegre.

O tikuna Jorge Luiz Rosindo, de 29 anos, é mais um indígena amazonense a concluir um curso superior e a retornar à aldeia de origem para desenvolver os conhecimentos adquiridos durante a graduação em benefício dos outros índios. Após receber aulas particulares de Língua Portuguesa e morar em um orfanato nos últimos quatro anos, Jorge colou grau em janeiro e é o primeiro amazonense a graduar-se em Enfermagem pelo Centro Universitário de Anápolis (Unievangélica), em Goiás.

O registro no Conselho Regional de Enfermagem (Coren) foi intermediado esta semana pela Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), e a viagem para a aldeia Campo Alegre, localizada no município de São Paulo de Olivença, a 988km de Manaus, está prevista para este fim de semana.

Jorge Luiz quer seguir o exemplo das tariana Maria Rosineide Feitoza e Eufélia Lima, que se graduaram em Enfermagem em 2012 pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e optaram por exercer a profissão no Alto Rio Negro, onde vivem os indígenas tariano.

A meta do tikuna é realizar trabalhos relacionados ao uso de álcool pela juventude indígena de São Paulo de Olivença. "Foi o tema do meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) e é um assunto sério, que tem comprometido a vida de muita gente dentro da aldeia", disse Jorge Luiz. "Quero ajudar o meu povo", justificou.

Início difícil

O caminho de Jorge Luiz até a faculdade começou no Seminário Teológico Evangélico da Tribo Tikuna, localizado em Benjamin Constant, a 1.116km de Manaus. Lá, ele foi incentivado por um pastor a fazer o vestibular em Anápolis.

O receio em deixar a aldeia e mudar-se para um local até então desconhecido por ele deixou o indígena apreensivo, mas a recompensa veio logo em seguida. Jorge foi aprovado em segundo lugar no vestibular e ainda recebeu uma bolsa de estudo integral para fazer a faculdade.

No início, a maior dificuldade foi com o idioma. Em Campo Alegre prevalece a língua tikuna e, a exemplo dos outros seis irmãos, Jorge tinha dificuldade de aprender, por conta do pouco contato com a população não indígena de São Paulo de Olivença. No entanto, com o reforço de uma professora de português goiana, o problema foi amenizado.

Enquanto estudava, Jorge precisou ser abrigado no Instituto Cristão Evangélico de Goiás e, após um ano e meio de curso, começou a fazer estágio no laboratório de um hospital em Anápolis.

http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2013/02/indio-do-am-vence-barre…

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