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Índio de 14 anos, de uma das mais pobres aldeias do país, recorre ao pangaré para construir sonho

Midiamax News - http://www.midiamax.com/
Autor: Nicanor Coelho
12 de Dez de 2010

O cenário é de caos, tristeza, abandono e dor. A cada canto da reserva indígena de Dourados pode se ouvir uns alaridos guarani, caiuá e terena por um pedaço de pão. São quase quinze mil almas que se espremem num minúsculo território.

Na aldeia bororó aos barracos de lona são repositórios de índios famintos. Uma rodovia corta a reserva que ainda sofre com a falta de alimentos.

A mesma cana-de-açúcar que absorve a mão-de-obra indígena é aguardente para mitigar as dores de dentes cariados e a falta de esperança no semblante dos seres que desceram do céu para serem felizes na terra.

Na outra ponta da aldeia crianças agonizam em bercinhos rentes ao chão onde no passado foi um hospital para a cura da tuberculose e hoje dá lugar ao centrinho para a recuperação de crianças desnutridas. São choros lancinantes que arrepiam até o mais frio dos homens.

Deixemos as cantilenas sombrias de lado. Incrustado neste chão em que milhares de índios se comprimem, surge ao longo um garoto de quatorze anos.

Com um sorriso de Sofia Loren estampado no rosto surge Geovani Echeverria dos Santos que não se abala com a situação de seus irmãos de aldeia.

Geovani é feliz. Sente-se feliz. Procura ser feliz. Sabe que a felicidade está na busca constante da própria felicidade. Assim ele vive. Pela manhã estuda a sétima série do ensino fundamental na Escola Guateka. À tarde vai aos pequeninos campos cultivados na reserva indígena para ganhar o seu pão. Geovani é empreendedor nato, desses que já nascem vendo oportunidades em tudo. Desses que nem precisam ir ao SEBRAE, a não ser para aprender como transformar seus olhos em cifrões.

O garoto sonha grande. Pretende cursar uma faculdade, mas ainda não sabe qual. Ele já é grande em seus sonhos e generoso em tudo o que faz. Todas as tardes pega o seu velho pangaré e vai trabalhar nas roças dos vizinhos.

O cavalinho puxa o arado sob o comando de Geovani que ganha seu dinheiro que é entregue aos pais. "Fico com uma parte", diz Geovani feliz em contribuir com o sustento da sua família grande.

Ano que vem Geovani vai para a oitava série e sabe que a educação é o melhor caminho para o seu caminhar. Com o sorriso estampado num rosto cor de romã Geovani soca seus pés descalços na terra vermelha, segura com força os braços do arado de madeira e com sofreguidão geme nas leiras entre os pés de mandioca ante o suplício das ervas daninhas.

Geovani é um guerreiro. É um verdadeiro Avá que vai tecendo sobarrebol uma nova história em busca da terra sem mal, tentando extirpar os danos, as ervas danosas e o danado homem do caminho Guateka.

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