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Índio Agricultores protestam contra índios

A Tarde-Salvador-BA
Autor: LUIZ CONCEIÇÃO
05 de Abr de 2006

Pequenos produtores da região de Buerarema dizem que medo de ocupações em fazendas amplia tensão na área

Um grupo de agricultores familiares da zona Bolsão do Maroin, em Buerarema, a 450 quilômetros de Salvador, fez um protesto ontem, no centro de Itabuna, contra a onda de invasão de fazendas naquela área rural pelos índios da etnia Tupinambá. Os agricultores se sentem sozinhos na luta contra os invasores, que, segundo afirmam, aumentou a tensão e o medo em uma região que só faz produzir para a sociedade sul-baiana.

Pelo levantamento de líderes do Conselho Regional Associativista do Sul da Bahia (Crasba), o Bolsão do Maroin concentra 456 minifúndios, 206 pequenas e 59 médias propriedades agrícolas, em área de 14.430 hectares, responsável pela produção de cacau, seringa e fruticultura. A Crasba integra 32 associações de pequenos produtores dos municípios de Una, Buerarema, Ilhéus e São José da Vitória, assistidas pelos programas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do governo estadual.

O governo do Estado foi criticado, principalmente pelo fato de os supostos índios revistarem veículos e ameaçarem a invasão de novas propriedades sem que as polícias Militar e Civil adotem qualquer iniciativa para a paz e a tranqüilidade em uma região onde prevalece a agricultura familiar, todos têm terras tituladas e sobrevivem do que produzem. De outro lado, há ansiedade pela demora da Justiça Federal em conceder as liminares pleiteadas pelos que tiveram as fazendas invadidas há duas semanas.

INVERSÃO - "Vivemos a inversão de valores na região do Maroin. Somos pais de família, trabalhadores e proprietários rurais cadastrados no Incra. Vivemos dentro da lei e da ordem. Não podemos continuar sendo vítimas de supostos índios invasores. O governo tem que nos devolver a tranqüilidade para criarmos nossos filhos", disse José Leandro de Queiroz, o Zezão, presidente do Conselho Regional Associativista do Sul da Bahia, entidade que congrega as associações e mais cinco assentamentos de terra em Buerarema.

Depois de um ato de protesto em frente à sede da Amurc, os cerca de 200 agricultores do Maroin foram recebidos pelo presidente da Associação dos Municípios do Sul, Extremo-sul e Sudoeste da Bahia (Amurc), Pedro Jackson Brandão, e pelos prefeitos Orlando Filho (Buerarema), Valderico Reis (Ilhéus), José Bispo dos Santos (Una) e Jeová Nunes (São José da Vitória), que pediram ao governo do Estado uma solução imediata e pacífica para o problema, além de anunciar que pretendem reunir na Praça Adami, no próximo dia 25, em Itabuna, cerca de dez mil agricultores em um grande ato público.

REAÇÃO - A comunidade Tupinambá, da Serra do Padeiro, distribuiu comunicado, por meio do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), onde denuncia que, após ter efetuado ação que caberia aos órgãos do governo, em especial ao Ibama, tem sofrido ameaças. Principalmente, por ter retomado duas fazendas que estariam abandonadas. "Uma era esconderijo de bandidos perigosos, e na outra era causada enorme destruição à Mata Atlântica, comprovada pelo próprio Ibama e pela Polícia Federal", diz a nota.
- Com esta ação, mexemos com vários interesses econômicos da região. Muita gente grande, que usava o comércio ilegal de madeira, se sentiu prejudicada e começou a inventar mentiras contra a nossa comunidade tentando colocar a comunidade regional contra a nossa luta, principalmente os pequenos produtores da região e, em especial, aqueles que moram perto da nossa aldeia - afirmam os tupinambás. Que denunciam ainda que suas crianças estariam sendo discriminadas em escolas das redes municipal, José Nery, e estadual, Enedina Oliva e Lomanto Júnior, em Buerarema.

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