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Autor: Taymã Carneiro, Glauce Monteiro e Gil Sóter
10 de Abr de 2019
A venda de cestas, bijuterias e costuras típicas da etnia Warao estão tirando mulheres indígenas, refugiadas da crise da Venezuela, do trabalho nas ruas de Belém. Com o apoio de voluntários, uma marca foi criada para comercializar pelas redes sociais os produtos. Os primeiros colocados à venda, os slings para bebês, esgotaram rapidamente e já há mais de trinta pedidos.
Cerca de 650 indígenas vivem na cidade, segundo voluntários. Os refugiados ficam espalhados em grupos e, na maioria deles, as mulheres que saem pedindo contribuições em semáforos e calçadas, acompanhadas dos filhos pequenos. O dinheiro, muitas vezes, garante a alimentação e o pagamento de aluguéis. Alguns estão em abrigos cedidos pela prefeitura e pelo governo estadual. Porém, muitos chegam a pagar R$12,50 a diária por adulto em albergues e casas alugadas.
A produção de artesanato começou depois que um grupo que morava em uma casa na tv. Campos Sales, bairro da Campina, foi levado para outra casa na tv. Apinagés, com ajuda de voluntários.
Com a escassez de ajuda e o baixo retorno nas ruas, devido o período das chuvas, o aluguel da casa na tv. Campos Sales - onde viviam cerca de cem pessoas, incluindo crianças - começou a atrasar e algumas famílias chegaram a passar noites em uma praça pública no centro de Belém. No novo endereço vivem 55 indígenas, sendo 24 adultos e 31 crianças. O local recebeu diversas doações.
"Depois que vi essa situação, comecei a ser voluntária. Levamos eles para essa casa, pois são muitas crianças, quase todas doentes. Lá, eles têm um espaço bem legal, onde vimos que podem desenvolver algum tipo de trabalho que possa ajudar nas despesas", contou a designer de interiores, Juliana Lavareda, voluntária que anota os pedidos dos anúncios feitos pela internet.
Segundo Lavareda, a confecção de artesanato começou com a senhora Lola. "Com alguns materiais ela produziu os slings e anunciamos na internet. Rapidamente vendeu. As outras viram e quiseram também fazer alguns itens que sabiam. Vamos acompanhá-las e ajudar para que continuem o trabalho, também evitando que elas comecem a vender pelas ruas", contou Lavareda.
Após o resultado com os slings, elas então começaram a produzir cestas, bijuterias e outros produtos de costuras que serão postos à venda, cuja renda é toda destinada para a sobrevivência na casa. "Como recebemos muitas demandas, agora estamos anotando os pedidos e vamos oferecendo o que for ficando pronto, na ordem dos pedidos recebidos. Elas vão produzindo do jeito delas, e isso acaba também atraindo muito a atenção", disse a designer.
Com o dinheiro que começou a ser arrecadado, as mulheres já começaram a comprar os materiais para as confecções. "Nas lojas, algumas vendedoras ainda as tratam com indiferença, mas é preciso ajudá-las compreendendo que agora estão também trabalhando, movimentando algum dinheiro", disse Lavareda.
A voluntária explicou que, por falarem somente o dialeto Warao, as refugiadas acabam tendo muita dificuldade para se comunicar. O que também ocorre com os homens. A grande maioria deles acaba apenas cuidando da casa enquanto as mulheres saíam para trabalhar, já que não conseguem emprego. "Em breve, os homens, que acabam sofrendo ainda mais preconceito e com a xenofobia, também devem começar a desenvolver alguma atividade para ajudar nas despesas", contou.
Os pedidos das peças são feitos por aplicativo de mensagens pelo (91) 98119-5797. Os produtos são divulgados pela redes sociais.
https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2019/04/10/indigenas-venezuelanas-…
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