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Indígenas têm contato com a Internet

A Crítica-Manaus-AM
09 de Dez de 2001

"Manaus, 12 de setembro de 2001. Caro Amigo, informamos a vossa senhoria que o curso que estamos vivenciando no momento é de suma importância para o avanço do movimento indígena, curso este que enriquecerá o nosso conhecimento, proporcionará o fortalecimento das organizações das quais fazemos parte. Lamentamos a sua ausência durante todo o curso. Era o que tínhamos para o momento. Desejamos sucesso em suas atividades. Abraços dos amigos conselheiros, Jandir Neves e Osman Ticuna".
A mensagem acima foi enviada ontem por e-mail para o presidente da Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (Foirn), Orlando Baré, que deveria recebê-la na sede da federação, localizada no Município de São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus). Os remetentes são índios ticuna que ontem tiveram o primeiro contato com um computador.
Osman Ticuna e Jandir Neves tiveram acesso a uma das maiores descobertas tecnológica do homem, a Internet, e puderam constatar, na prática, que usando o computador é possível comunicar-se, em tempo real, com pessoas em qualquer parte do planeta. Ambos fazem parte de um grupo de 50 lideranças indígenas, representantes de pelo menos 18 etnias do Estado do Amazonas, que estão participando do curso "Gestão em projetos - compromisso com a comunidade", o mesmo a que eles se referem na mensagem que mandam ao amigo em São Gabriel.
O curso realizado pelo Governo do Estado, por meio da Fundação Estadual de Política Indigenista do Amazonas (Fepi), começou segunda-feira e vai até domingo, 17. As lideranças estão reunidas no Centro de Treinamento Padre Anchieta (Cepan), com finalidade de discutir temas como o compromisso comunitário e autonomia na elaboração de projetos de etnodesenvolvimento.
Criada em 7 de agosto deste ano, a Fepi substituiu o antigo Conselho Indigenista, e tem como uma de suas atribuições coordenar as ações políticas do Governo do Estado em relação às comunidades indígenas, além de ser a responsável pela implementação de políticas de etnodesenvolvimento.
Seduc publica livro
em línguas indígenas
A Secretaria de Educação e Qualidade do Ensino (Seduc) vai lançar, este mês, o livro 'Terras das Línguas', uma obra plurilíngüe escrita por 180 indígenas de São Gabriel da Cachoeira, na região do Alto Rio Negro. A tiragem de 5 mil exemplares será distribuída em 199 escolas das redes estadual e municipal de ensino, alcançando uma população estudantil de 11,4 mil pessoas.
O livro foi produzido ao longo do curso de formação de professores indígenas, oferecido pelo projeto Pira-Yawara. Em línguas baniwa, desano, hupda, kubeo, kuripako, nheengatu, piratapuia, tariano, tucano, tuyuka e wanamo, 'Terras da Língua' trata, de forma didática, de assuntos diferentes que vão desde receita de remédios caseiros à mitologia.
A obra é a décima sexta publicação desde que o projeto Pira-Yawara foi implantado, em 1993. Outros quatro estão em processo de produção e edição, segundo informou a gerente de Educação Indígena da Seduc, Arlene da Silva Bonfim Oliveira.
O trabalho editorial é uma das linhas de ação do Pira-Yawara, desenvolvido pela Seduc em parceria com as prefeituras, organizações indígenas, Conselho de Educação Indígena do Amazonas e, em algumas regiões, com a participação de organizações não governamentais

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