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Indígenas Sateré Mawé produzem máscaras para sustento de famílias durante pandemia de coronavírus no AM

G1 - https://g1.globo.com
Autor: Patrick Marques
25 de Abr de 2020

Número de casos de indígenas infectados pelo novo coronavírus no Amazonas subiu para 37. Um novo registro de morte entre indígenas também foi confirmado pelo órgão.

A Associação de Mulheres Indígenas Sateré Mawé, em Manaus, costumava produzir e vender artesanatos pela cidade. Com a pandemia do novo coronavírus e as medidas de prevenção tomadas pelo Governo, o comércio considerado não essencial está parado. Sem ter outra alternativa para se manterem, as famílias começaram a produzir máscaras para proteção própria, mas virou um novo meio de sustento para os indígenas.

No Amazonas, o número de casos do novo coronavírus passa de 3 mil. O número de casos de indígenas infectados pelo novo coronavírus no estado subiu para 37. Um novo registro de morte entre indígenas também foi confirmado pelo governo na sexta-feira (24). As medidas de restrição do comercio e isolamento social estão entre as medidas adotadas para conter o avanço da doença.

A indígena Samela Sateré Mawé, de 23 anos, contou que o fechamento do comércio com a pandemia do novo coronavírus afetou a venda de artesanato das famílias que vivem na Associação, localizada no Centro de Manaus. Uma organização de artistas, segundo ela, doou uma máquina de costura e material para que eles fizessem máscaras para a própria proteção dos indígenas. A partir daí, veio a oportunidade de nova renda.

"Nós começamos a fabricar, para nós mesmos nos protegermos. Nós não tínhamos recebido nenhuma notícia se receberíamos álcool em gel, ou alguma ajuda e fizemos. Eu postei uma foto de nós fazendo e usando as máscaras e as pessoas começaram a encomendar e decidimos fabricar para vender", disse Samela.

Uma máscara é vendida a R$ 5 e, a partir de 15 unidades, três saem a R$ 10. As vendas iniciaram há duas semanas, segundo Samela, e viraram o meio de sustento para compra de comida para famílias indígenas da etnia Sateré Mawé.

"Estão todos trabalhando na produção. Do mais novo ao mais velho, estão cortando elástico, costurando, como uma equipe. Todo mundo se ajuda e trabalha junto. Está tendo bastante encomenda. Desde que começamos, ainda não paramos um dia.

Seis famílias da Associação de Mulheres Indígenas Sateré Mawé participam da confecção das máscaras, no bairro Compensa, Zona Oeste de Manaus. Outras 20 famílias, em outros bairros da cidade, recebem cestas básicas feitas por eles com o dinheiro das vendas das máscaras.

"Apesar de toda essa situação, nós arranjamos uma alternativa de tentar sobreviver durante isso. Se a gente fosse tentar auxílio, a gente estaria preocupado. Agora, a gente está trabalhando, temos uma atividade", finalizou Samela.

Indígenas vítimas do novo coronavírus no AM
O primeiro caso de coronavírus em índio foi registrado no Amazonas em uma jovem de 20 anos que atua como agente de saúde no Distrito Sanitário Especial Indígena. Ela contraiu o vírus de um médico e acabou contaminando sua mãe, filha e vizinho. Depois de passar 14 dias em isolamento domiciliar na aldeia São José, município de Santo Antônio do Içá, 879 Km distante de Manaus, ela deixou de apresentar os sintomas da doença e é considerada fora do período de transmissão.

No dia 9 de abril, o governo identificou a primeira morte de índio no estado. Um Kokama de 44 anos, sem histórico algum de comorbidade. Dois dias depois, foi confirmada a segunda morte: um índio de 78 anos. Todos moradores da região do Alto Solimões, no Sudoeste do Amazonas.

De acordo com a diretora-presidente da FVS-AM, Rosemary Pinto, mais de 30 casos de indígenas com o novo coronavirus foram confirmados pela Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, na sexta-feira (24). Na atualização feita nesta sexta-feira, foram 12 novos casos registrados, com uma nova morte registrada em Parintins, chegando a um total de três, no Amazonas.

Hospital de campanha para indígenas
No dia 11 de abril, o então ministro da saúde, Luis Henrique Mandetta, anunciou que o governo federal vai construir um hospital de campanha em Manaus, para atendimento de indígenas. A informação também foi dita pelo governador do Amazonas, Wilson Lima, durante coletiva online, no dia 14 de abril.

De acordo com o governador Wilson Lima, a estrutura vai funcionar em um centro de atendimento de saúde que já funciona em Manaus. Apesar das afirmações, não houve mais novas informações sobre o andamento do processo de abertura da nova unidade de saúde voltada para o público indígena que havia sido anunciada.

O Governo do Amazonas informou que o hospital de campanha para a população indígena é uma iniciativa anunciada pelo Ministério da Saúde. O G1 entrou em contato com o Ministério da Saúde para um posicionamento sobre os trabalhos para abertura do novo hospital de campanha para indígenas e uma previsão de abertura, mas aguarda resposta.

Coronavírus no Amazonas
O Amazonas ultrapassou a marca de 3 mil casos confirmados do novo coronavírus, nesta sexta-feira (24). Conforme boletim atualizado da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), o estado registrou 306 novos casos confirmados da Covid-19, nesta sexta, totalizando 3.194 pessoas contaminadas pela doença. O número de mortes ocasionadas pela Covid-19 chegou a 255.

O número de pessoas recuperadas da doença, que são consideradas fora do período de transmissão, chegou a 1.037. Outros 1.642 casos confirmados de Covid-19 estão em isolamento social ou domiciliar.

Dentre os casos confirmados da doença, 2.481 são apenas em Manaus. Outros 41 municípios também apresentam casos do novo coronavírus. Manacapuru registra o pior cenário do interior do estado, com 247 casos confirmados e 14 mortes.

https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2020/04/25/indigenas-satere-ma…

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