VOLTAR

Indígenas repudiam descobrimento

Diário da Amazônia - http://www.diariodaamazonia.com.br/
Autor: Rafael Abreu
23 de Abr de 2010

Indígenas, atingidos por barragens e sem-terra fizeram ontem manifestação nas principais ruas da cidade e em frente a gerência da concessionária de Jirau, Energia Sustentável do Brasil (ESBR) e no Ministério Público Federal (MPF) para cobrar melhores condições de saúde, educação e proteção aos povos indígenas isolados na área de influência da construção das usinas do rio Madeira e pedem também a retirada de Pequenas Centrais Hidrelétricas de terras indígenas.

Segundo o líder do movimento, Antenor Karitiana, foram entregues documentos para o MPF e ESBR para cobrar melhores condições aos povos da floresta. "Nossa saúde está péssima, a educação não funciona, ainda por cima querer extinguir a Fundação Nacional do Índio (Funai)", disse. Karitiana contou também que vão cobrar das usinas respeito e proteção aos povos isolados. "É preciso manter as regiões destes povos e que respeitem a cultura indígena". De acordo com Antenor, no movimento estavam aproximadamente índios das 54 etnias. "De Rondônia, do noroeste do Mato Grosso e sul do Amazonas", completou.

O ato realizado ontem também é um repúdio indígena pela "invasão" do Brasil, cujo descobrimento pelos portugueses é comemorado no dia 22 de abril. "Fazem mais de 500 anos que tomaram nossas terras". O coordenador regional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Océlio Muniz, contou que a manifestação que percorreu algumas ruas e as sedes da ESBR e MPF em Porto Velho teve adesão dos povos que perderão com as construções das usinas. "Estamos apoiando a causa indígena, pois estamos passando pelo o mesmo problema, a falta de respeito e atenção".

Em nota ao Diário, a Energia Sustentável do Brasil, concessionária da Usina Hidrelétrica Jirau, informa que vem desenvolvendo um extenso Programa de Apoio às Comunidades Indígenas, que está sendo implementado em conjunto com a Fundação Nacional do Índio - Funai, e de acordo com a política adotada pela mesma. Dessa forma, os questionamentos sobre as denúncias feitas durante a manifestação devem ser feitas junto ao órgão competente.

MPF recebe documentos com reivindicações e assegura apoio aos povos indígenas

Três documentos com reivindicações dos povos indígenas foram entregues na manhã de ontem ao procurador-chefe do Ministério Público Federal (MPF) em Rondônia, Reginaldo Trindade. A entrega ocorreu depois da manifestação em frente ao MPF.

O procurador recebeu uma comissão de manifestantes e explicou como são feitos os procedimentos relacionados às causas indígenas. "Temos interesse em atuar em parceria com os órgãos que defendem os índios. O que for bom para os indígenas, o MPF vai apoiar", afirmou.

Eva Canoé, presidente da Coordenação União das Nações dos Povos Indígenas de Rondônia, Noroeste de Mato Grosso e Sul do Amazonas (Cunpir), ressaltou a importância dos trabalhos realizados pelo MPF e solicitou ao procurador agilidade em alguns casos. "Sabemos que o Ministério atua em favor das causas indígenas, mas pontuamos nessa documentação algumas necessidades que temos de imediato", disse.

Entre as reivindicações estão temas como o uso e a prática tradicional nos rios, além de prejuízos sociais e ambientais. Os índios relatam que lugares sagrados e cemitérios foram destruídos e a contaminação dos rios por agrotóxicos e lixo estão prejudicando a pesca.

Com relação à saúde, os indígenas documentaram a precariedade no atendimento, falta de construção de postos médicos em terras indígenas, além da falta de equipe médica, medicamentos, equipamentos e transportes terrestres e fluviais para o atendimento de emergência.

FOTO: Roni Carvalho

http://www.diariodaamazonia.com.br/diariodaamazonia/index2.php?sec=News…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.