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Indígenas lutam por terras sem herdeiros

A Crítica
03 de Jul de 2007

Cinqüenta e dois índios das etnias Satere Maué, Tucano, Dessano, Arara e Tuiuca correm o risco de serem despejados de uma área de 42 hectares na cidade da Rio Preto da Eva. O tuxaua Fausto de Andrade Costa Filho, 33, teme que a Justiça seja favorável a Arlene da Glória Alves Monteiro, esposa de Antonio Tadeu Drumond Geraldo, antigo procurador do norte americano Richard Melnik, falecido em 2001, e ex-proprietário da gleba onde vivem os indígenas em suas 15 malocas, dentro do perímetro urbano.

"Nós estamos vivendo uma situação de extrema insegurança, porque a Funai não interfere, por se tratar de terras particulares, e nós temos dificuldades para defender o que nos foi repassado por direito pelo Melnik", afirmou Fausto Moriá, cujo sobrenome, em Sateré Maué, quer dizer Flecha.

Em documentos registrados em cartório consta que Antonio Tadeu Drumond Geraldo foi procurador de Melnik. Os índios alegam que houve má fé de parte de Tadeu Drumond que teria aproveitado a morte de Melnik para ficar com suas terras em Rio Preto da Eva.

Procurado pela reportagem em seu antigo estabelecimento de trabalho, na rua Major Gabriel, no 1, nas proximidades do Palácio Rio Negro, Drumond não foi localizado. No local funciona um 'lanche' que comercializa esfirras e refrigerantes. A locatária da área, Terezinha Mendes Tavares, "Bianca", 34, disse "que seu Tadeu Drumond alugou o imóvel para ela por R$ 700 e foi para Rio Preto da Eva cuidar das suas terras. Ele me deu uma carona com a dona Arlene e se mostrou preocupado com a questão, porque tinha gente que não queria sair dos seus terrenos".

Sem herdeiros

O nó central da contenda fundiária está na ausência do inventário de Melnik. Ocorre que James Robert Fisch qualificado nos autos como sendo o responsável por este processo não o fez e o mais inusitado: Melnyk não teria deixado qualquer herdeiro. Mas enquanto juridicamente não se chega a uma decisão final, os índios liderados por Fausto Moriá se sentem ameaçados pelo risco da perda do direito da morar nas terras deixadas pelo antigo amigo americano. "Nós viemos de diversas partes do Estado para nos estabelecer aqui. Agora, depois de tantos anos, estamos sendo pressionados para sair das nossas roças. Isso não é justo", declarou Fausto.

Se as terras vão ser definitivamente incorporadas ao patrimônio de Arlene ou se os indios ficarão para sempre na região, ainda falta ser definido pela Justiça. Mas enquanto a sentença não chega, os indígenas se sentem sem saber a quem recorrer. A Funai não estaria atuando na área em defesa deles, por se tratar de terra "privada", mas eles prometem resistir.

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