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Indígenas isolados correm risco na fronteira com Peru

O Eco - http://www.oecoamazonia.com/
Autor: Nathália Clark
09 de Ago de 2011

Ameaçados principalmente por madeireiros e vistos como obstáculos para o narcotráfico, os índios isolados na região da fronteira com o Peru, na foz do rio Xinane, no Acre, encontram-se desde o dia 23 de julho em perigo de massacre iminente. Há cerca de uma semana, um grupo de traficantes peruanos invadiu a Terra Indígena Kampa e Isolados do Rio Envira, e dominou o posto da Frente de Proteção Etnoambiental Envira, deixando cercados cinco funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai). Entre eles está o coordenador-geral de Índios Isolados e Recente Contato, Carlos Travassos, e o sertanista José Carlos Meirelles, ex-chefe da Frente.

Os funcionários da Funai acreditam que os narcotraficantes tenham invadido a área para exterminar os índios com vistas a abrir rotas de fuga para o tráfico internacional. No último sábado (6), foram encontrados vestígios de que o grupo está nas cercanias do posto. Segundo Travassos, foi avistado um acampamento grande e outros pequenos. Em um deles foi encontrada uma mala com caixas de cartuchos roubados da base e um pedaço de flecha comprovadamente dos isolados, atestando as evidências de que o grupo armado tenha possivelmente atacado os índios.

"Esse grupo está fazendo 'correria' de índios isolados, isto é, matança organizada, como suspeitávamos. Temos agora uma prova cabal. Estamos mais do que nunca preocupados com a situação dos isolados. Esta situação pode ser um dos maiores golpes já visto nos trabalhos de proteção dos índios isolados das últimas décadas. Uma catástrofe da nossa sociedade. Genocídio!", afirmou por e-mail, indignado, o coordenador.

Os funcionários pedem reforço das forças armadas. De acordo com Carlos Meirelles, a base está cercada por todos os lados. "Se tem um pessoal da polícia ou do exército, fica mais fácil capturá-los, pela proximidade que eles estão. Mas só nós, em cinco, é mais difícil", disse.

Foi realizada na área há aproximadamente cinco dias uma operação da Polícia Federal (PF), com o apoio logístico do Estado e do Exército. Na ocasião, foi preso pela segunda vez o português Joaquim Antonio Custodio Fadista, procurado pela polícia por tráfico internacional, e que já havia sido capturado e extraditado para o Peru em março deste ano, por invadir a mesma Terra Indígena. Apesar das evidências de que um número maior de traficantes permanecia nas imediações do posto, a PF abandonou o local após a prisão de Fadista.

Os funcionários da Funai pedem providências governamentais. Após a relutância dos cinco membros em deixar o posto, sendo a única presença do Estado brasileiro a resguardar a proteção do território de grupos isolados, o presidente do órgão, Márcio Meira, afirmou que se encaminhará à base para acompanhar a situação ainda nesta terça-feira (9). Ele tenta articular com o Ministério da Defesa medidas de proteção para a faixa de fronteira Brasil-Peru, que abriga a maior concentração de indígenas em isolamento no mundo.

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