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Indígenas fazem 'marcha' por terra

O Progresso - http://www.progresso.com.br
Autor: Flávio Verão
21 de Fev de 2014

Durante passeata, lideranças questionaram a demora em indenizar fazendeiros para repassar áreas aos indígenas

Lideranças indígenas de vários acampamentos e aldeias da Grande Dourados cobram agilidade no processo de demarcação de terras em Mato Grosso do Sul. Ontem pela manhã eles protestaram na BR-463, em Dourados. A rodovia foi bloqueada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) por quase duas horas.

Reunidos no Trevo da Bandeira, da BR-463, saída para Caarapó, os indígenas saíram em marcha num percurso de aproximadamente sete quilômetros, até o território denominado como Aldeia Apyka'i, localizado às margens da mesma rodovia. O local é reconhecido como terra tradicional indígena, no entanto, a área está dentro de uma fazenda, arrendada por uma usina para o cultivo de cana-de-açúcar.

Segundo o cacique Bonifácio Reginaldo Duarte, da Aldeia Apyka'i, o objetivo da Marcha é pressionar o governo federal para apressar o processo de regulamentação das áreas consideradas tradicionais indígenas que foram repassadas pela própria União a produtores que vieram de fora para cá, há décadas. "Enquanto o governo não decide, o índio sofre e morre", lamentou.

Ele cita a problemática da Apyka'i, às margens da BR-463. Cerca de 18 famílias vivem em barracos do lado de fora da fazenda, sem nenhum tipo de infraestrutura e ajuda do governo. "Nossa comunidade está morrendo e ninguém faz nada. Cadê as autoridades que cuidam das causas indígenas", indagou.

Vários moradores da Apyka'i morreram atropelados na BR-463, entre crianças e adultos. Os indígenas prometem bloquear rodovias da região.

Comissão

Hoje, a partir das 7h30, acontece na unidade I da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) a Audiência da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Estarão presentes a psicanalista e membro da CNV Maria Rita Kehl, o procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida e os pesquisadores Marcelo Zelic, Spensy Pimentel e Jorge Eremites de Oliveira.

Serão ouvidos indígenas de cinco diferentes comunidades guarani e guarani-kaiowá de Mato Grosso do Sul, que irão falar sobre episódios de violência durante a ocupação do estado por colonos, como assassinatos, expulsão de territórios tradicionais e confinamento em pequenas reservas. A coleta de depoimentos oficiais pode subsidiar futuras ações de indenização coletiva em favor das comunidades indígenas ou outras ações compensatórias.

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