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Indígenas do Acre se mobilizam em prol de Raposa Serra do Sol

Cimi - www.cimi.org.br
04 de Set de 2008

Aproximadamente 100 indígenas que representam os vários povos do estado do Acre como: Apurinã, Huni Kui, Yawanawá, Manchineri, Jaminawa, Apolima-Arara, Shanenawá se mobilizaram ontem por volta das 8h da manhã em frente ao palácio do governo. Levaram cartazes, faixas e suas vozes em apoio a manutenção da demarcação da terra contínua da Raposa Serra do Sol conforme homologação do presidente da República e em cumprimento ao que determina a Constituição Federal.

Na Terra Indígena Raposa Serra do Sol vivem hoje cerca de 19 mil índios dos povos Macuxi, Wapixana, Patamona, Ingarikó e Taraurepang, A ação que será julgada foi protocolada pelos senadores de Roraima Augusto Botelho (PT) e Mozarildo Cavalcante (PTB). A homologação da reserva, é aguardada pelos povos de Roraima há décadas, sendo que foi concluída em decreto presidencial em 15 de abril de 2005. Os senadores citados sustentam a tese de que o laudo antropológico que resultou na demarcação em faixa contínua como falso e defendem a exclusão de áreas produtivas e sede de municípios.

O evento começou com um canto Yawanawá como símbolo de unidade, fortalecimento e resistência dos povos indígenas e outros movimentos que apoiaram a luta, entidades como: CIMI, UFAC, Cáritas brasileira, CUT, CPT.

Durante o ato foram distribuídas notas em esclarecimento a Raposa Serra do Sol e à situação na qual se encontram os índios do Acre e suas terras. Aproveitando a manifestação os vários povos do Acre reivindicaram também atenção, sensibilidade e cumprimento da Constituição Federal a respeito das Terras Indígenas do Estado do Acre que ainda não foram homologadas, como é o caso da Terra Indígena do povo Apolima- Arara.

Francisco Siqueira Arara liderança dos Apolima-Arara falou em nome do seu povo sobre luta que enfrenta há 10 anos e a resistência que seu povo tem passado de geração para geração. Expôs também sua preocupação das conseqüências que os outros povos do Brasil que há anos estão na mesma luta por terra, dignidade e continuidade da vida, podem sofrer caso haja retrocesso na demarcação. O professor Elder (cientista político da UFAC) foi brilhante na sua fala, resgatando toda a história de sofrimento dos povos indígenas no Acre e no Brasil.

Os povos indígenas do Estado do Acre vieram a público para apresentar à sociedade, a real situação em que se encontram e como o Estado trata das suas terras. Há no Acre hoje 17 terras não regularizadas, tais como as dos índios isolados do Parque Estadual do Chandless e isolados do Igarapé do Tapado no Parque Nacional da Serra do Divisor e dos Kaxinawa do Curralinho. É de suma importância que a sociedade saiba que o tão falado governo da floresta” ainda não se manifestou de forma favorável para a regularização dessas terras. Compreender os direitos dos povos indígenas que ocupam suas terras de forma milenar é respeitar a perpetuação de suas gerações, que lutam há anos a fio em prol da vida e por uma terra sem males.

Os índios e seus aliados fizeram uma caminhada simbólica até o Fórum da Justiça, onde uma Jaminawa cantou em sua língua materna.

O ato foi encerrado às 11h com almoço da partilha em plena praça.

Cimi Regional Amazônia Ocidental

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