VOLTAR

Indígenas conquistam diploma universitário na PUC-SP

CIMI (Conselho Indigenista Missionário) - http://www.cimi.org.br/?system=news&action=read&id=3712&eid=244
Autor: Ir. Beatriz Maestri e Vanessa Ramos  - Cimi-SP
06 de Mar de 2009

"Os que hoje estão se formando são lutadores de uma grande peleja, cuja vitória contou com o esforço de muita gente". Com essas palavras o líder guarani Emerson abriu a cerimônia de formatura de 11 indígenas dos povos Pankararu, Kaingang e Krenak que aconteceu no dia 4 de março de 2009 na Pontifícia Universidade Católica (PUC), em São Paulo.

Os estudantes, que vivem em São Paulo, se formaram em cursos como pedagogia, ciências sociais, letras, ciências contábeis, turismo, enfermagem, mídias digitais e direito. Para eles, esta conquista é o começo de uma grande batalha, como afirmou Joel do povo Guarani: "Cada dia de nossa vida é um grande aprendizado. Não se está ganhando nada, é um direito nosso".

Os recém-formados integram o Programa Pindorama, criado em 2001, numa parceria entre a PUC, a Pastoral Indigenista e comunidades indígenas que vivem na capital, tendo em vista a inclusão dos jovens indígenas no ensino superior.

Ao longo desses anos, passaram pelo programa 109 indígenas das etnias Pankararé, Pankararu, Potiguara, Krenak, Atikum, Kaingang, Terena, Guarani Nhandeva, Guarani Mbyá, Pataxó e Xukuru. Destes, já se formaram 38 estudantes.

Uma das exigências do programa é que o aluno-bolsista participe de reuniões mensais, onde debatem os problemas enfrentados, mas que se tornou um espaço de formação. "Vários desses indígenas, sobretudo os nascidos em São Paulo, reencontraram ali suas etnias. E na universidade, novas cobranças surgiram criando a necessidade de eles conhecerem mais sobre o seu próprio povo e sobre sua história", afirma Benedito Prezia, um dos coordenadores do Programa.

Se por um lado os indígenas conquistam um espaço no ensino superior, por outro, eles levam para dentro do meio universitário o debate sobre os conhecimentos tradicionais e qualificam sua ação na própria comunidade em São Paulo ou nas aldeias de origem.

A Pankararu Rejane Aparecida Silva, recém formada em Direito, pretende especializar-se em Direitos Humanos para atuar na defesa dos povos indígenas. Ela quer enfrentar os problemas tanto em Pernambuco, de onde veio e onde há terras invadidas por posseiros, como na grande São Paulo, onde a maioria dos Pankararu vive em favelas. "A instrução recebida servirá para auxiliar no processo de emancipação de nossos povos, marginalizados há tantos séculos", declara a líder.
 

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.