Indígenas avaliam processo seletivo especial e ações afirmativas da Ufopa

A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) realizou, entre os dias 6 e 12 de agosto de 2016, seminários descentralizados que discutiram, com estudantes, lideranças indígenas e a comunidade acadêmica, a realização do Processo Seletivo Especial Indígena (PSEI) 2016/2017 e os avanços da Política de Ações Afirmativas na instituição. Realizados nos municípios de Oriximiná, Jacareacanga e Santarém, os eventos foram promovidos pela Pró-Reitoria de Gestão Estudantil (Proges) e Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (Proen), em parceria com a Comissão Especial do PSE Indígena 2016-2017.

As perspectivas da Política de Ações Afirmativas na Ufopa marcaram o primeiro dia das discussões, além da apresentação da estrutura organizativa e cursos ofertados pela instituição. No segundo dia o foco foi o edital do Processo Seletivo Especial Indígena (PSEI) 2016, previsto para ser lançado até o final de agosto. "O balanço dos eventos é muito positivo, principalmente porque ampliamos a participação da sociedade dentro da Ufopa, nesse caso específico dos indígenas. Além da temática do PSEI, que é a entrada diferenciada nos cursos regulares da Ufopa, discutimos com os indígenas a própria política mais ampla da Ufopa com relação a eles", avalia o diretor de Ações Afirmativas da Ufopa, Florêncio Almeida Vaz.

Segundo Florêncio Vaz, a Comissão do PSEI, que é formada por integrantes indígenas e não indígenas, vai analisar e ponderar todas as questões, críticas e sugestões dadas durante os seminários. "Essas contribuições já vão servir para o edital de 2017", afirma. "É um momento especial, no qual os indígenas e suas lideranças têm a oportunidade de fazer suas colocações, proposições, cobranças, de dialogar com os professores e servidores, pró-reitores e representantes da Reitoria".

Cacique da aldeia Aminã, situada às margens do rio Arapiuns, Mário Cardoso Ferreira há três anos participa dos seminários promovidos pela Ufopa. Segundo o cacique, a aldeia, formada por 380 pessoas, distribuídas em 55 famílias, possui três alunos que ingressaram na Ufopa pelo PSEI. "Fazemos as inscrições dos alunos da nossa comunidade, damos a declaração de pertencimento, e fico engrandecido de ver a participação deles em eventos como este, sendo meus porta-vozes", afirma. "Vai para seis anos que Aminã tem ensino médio e, este ano, a minha esperança é de matricular 28 alunos no processo seletivo especial".

PSEI

Segundo Florêncio Vaz, através de negociação com os institutos e cursos, a Comissão Especial do PSE Indígena conseguiu ampliar o número de vagas ofertadas no PSEI 2016, de 65 para 75, com possibilidade de aumento para 79 vagas para o PSE de 2017. "Essa é uma conquista muito importante porque também aumenta o nosso poder de distribuir, de uma forma mais equitativa, essas vagas entre as três regiões etnoculturais de abrangência da Ufopa, que são o Alto e Médio Tapajós, o Baixo Tapajós e a região da Calha Norte", explica Florêncio Vaz.

Outra novidade será a implementação do Ciclo Básico Indígena, uma formação preparatória destinada aos alunos que ingressarem através do PSEI, com foco em disciplinas como Língua Portuguesa, Matemática, Informática e Metodologia Científica. Os alunos aprovados na seleção deste ano deverão cursar um semestre do Ciclo Básico, antes de ingressarem no primeiro semestre de seus cursos regulares. A partir de 2017, o Ciclo Básico Indígena será composto por dois semestres. "Após o PSEI 2016, já iniciaremos o PSEI 2017, de forma que a próxima turma de alunos indígenas possa cursar dois semestres preparatórios".

Outra novidade prevista será a implantação de um instituto ou centro de estudos intercultural na Ufopa, com metodologia apropriada e professores e servidores específicos para isso. "Ele será responsável por acompanhar os indígenas nos institutos e em todas as etapas, pensar na política de extensão e de pesquisa, o que vai garantir uma aprendizagem de qualidade para os indígenas".

http://www.ufopa.edu.br/noticias/2016/agosto/indigenas-avaliam-processo…