VOLTAR

Indígenas atendidos

A Crítica-Manaus-AM
02 de Dez de 2001

Ontem, depois de mais de 12 horas de viagem, o barco do Prevmóvel do INSS ancorou na aldeia sateré-maué de Ponta Alegre, em Barreirinha, onde mais de 90 pessoas foram atendidas, repetindo o ocorrido há quatro meses. Ali também chegou o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Glênio Alvarez, que ouviu o pedido dos índios por projetos de criação de animais e produção agrícola. "Não queremos mais presentes da Funai, mas sim projetos que nos levem a sair desta situação de fome", afirmou o vice-prefeito de Barreirinha, o índio Mecias Cursino.

A presença do presidente da Funai foi importante para resolver um impasse. Com a suspensão da concessão da certidão de nascimento e da licença maternidade para crianças acima de cinco meses, por um decreto presidencial, dezenas de mulheres indígenas não podiam solicitar o benefício. É que muitas mulheres adultas de Ponta Alegre não tinham certidão de nascimento e com a proibição, não podiam solicitar o pagamento da licença. Mecias cobrou uma solução porque algumas chegaram ali de longe e não podiam voltar sem resposta.

O presidente da Funai justificou a proibição dizendo que em algumas áreas indígenas, pessoas estavam tirando mais de uma certidão para receber o benefício ilegalmente, mas acabou decidindo que, com uma declaração do tuxaua da aldeia ou de um funcionário da Prefeitura, a Funai autorizaria a expedição da certidão. Segundo ele, outro modelo de atestado para os índios está sendo concluído para dar segurança ao serviço.

Na aldeia, onde os índios falam entre si no idioma sateré, a índia Sandra Silva Souza, 24, disse que o lugar não tem mais alegria. Sem escola que tenha todas as séries escolares, os jovens vão morar em outras comunidades. Além disso, o rio Andirá tornou-se "um rio de fome", com pouco peixes. Sandra é casada, mãe de três filhos e já recebeu o salário-maternidade, com o qual comprou um fogão e outros objetos para casa, mas se estristece ao pensar em como a aldeia está.

Para ela, foi bom poder receber o dinheiro porque, de outra forma, não teria como ganhar uma quantia tão grande assim.

Ela até brinca dizendo que as mulheres agora vão procurar ter mais filhos para receber o benefício.

O gerente executivo do INSS, Severino Cavalcante, lembrou que o Governo Federal não faz nenhum favor aos índios levando aqueles serviços. Ele garantiu que, de quatro em quatro meses, aquela e outras aldeias receberão atendimento social da Previdência. "Isso só não vai acontecer se o barco quebrar", assegurou.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.