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Índice de água não potável sobe para 33%

FSP, Cotidiano, p. C3
06 de Jun de 2009

Índice de água não potável sobe para 33%
Principais causas que afetam qualidade da água no subsolo são esgoto sem tratamento, fossas sépticas e infiltração de fertilizantes
Relatório revela ainda piora nas condições das praias e alta no número de espécies ameaçadas de extinção; presença de ozônio no ar caiu

Afra Balazina
José Ernesto Credendio
Da reportagem local

A qualidade da água subterrânea, que abastece cerca de 6 milhões de pessoas (de um total de 41 milhões no Estado), caiu em São Paulo entre 2006 e 2008, segundo levantamento da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. O índice de água considerada potável, que era de 85,4% em 2006, passou para 66,7% no ano passado.
O dado faz parte do Painel da Qualidade Ambiental, um estudo de 20 indicadores que traça condições gerais de lixo, saneamento, biodiversidade, uso de energia e emissão de poluentes.
De acordo com a análise da Cetesb (agência ambiental de SP), as principais causas que interferem na qualidade da água estão esgoto sem tratamento, uso de fossas sépticas e a infiltração no solo de fertilizantes utilizados na agricultura.
Embora a maior parte das amostras não potáveis esteja relacionada à presença de ferro, manganês e coliformes, que são retirados da água com tratamento simples, existem casos de problemas mais graves.
Na região oeste do Estado, por exemplo, "é persistente a presença de cromo e nitrato em concentrações acima do padrão", o que requer "tratamento de maior custo e complexidade". Esporadicamente, têm sido detectados arsênio, bário e chumbo, elementos de maior potencial nocivo.
Dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola) indicam que a agricultura, especialmente a cana, tem parcela importante no aumento da presença de poluentes na água.
Ao final da safra 2005/06, a cana para indústria cobria 4,2 milhões de hectares no Estado. Na estimativa de fevereiro deste ano, a área subiu para 5,3 milhões, um salto de 26%.

Condição das praias
Outro índice que piorou no Estado no ano passado foi a condição das praias litorâneas -24% estiveram próprias para banho o ano todo em 2008, contra 38% em 2007.
Mas o relatório traz também indicadores positivos, como a relativa diminuição na presença de ozônio no ar nos 102 municípios da chamada Macrometrópole Paulista, que inclui a região que vai de Piracicaba a São José dos Campos, além da Baixada Santista.
Depois da piora entre 2006 e 2007, quando subiu (de 3,15% para 6,36%) o número de dias em que o nível de ozônio, poluente muito nocivo, ultrapassou os limites recomendados na macrometrópole, o percentual caiu para 2,94% em 2008.
Já o número de ultrapassagens do nível de material particulado no ar, outro poluente que provoca graves danos à saúde, estabilizou-se.
Também cresceu, nos últimos dez anos, o número de espécies ameaçadas de extinção -de 12,36% (253, num total de 2.047 espécies conhecidas) para 16,88% (436 ameaçadas num universo de 2.583).
A secretaria ressalta que a lista de 1998 foi elaborada com uma metodologia diferente da do ano passado, quando foram seguidos os critérios e as categorias propostas pela IUCN (União Internacional para Conservação Ambiental).
Outra boa notícia é que o percentual de energia renovável, como a proveniente da queima de bagaço de cana, subiu de 44,12%, em 2001, para 52,35%, em 2007. Segundo a avaliação, "a tendência observada desde 2001 é a de crescimento da composição renovável da matriz energética, fato ainda mais notável considerando o patamar já bastante elevado".

População poderá opinar sobre meta para qualidade ambiental

Da reportagem local

O Painel da Qualidade Ambiental de São Paulo, relatório divulgado ontem pelo secretário Xico Graziano (Meio Ambiente), além de ser um indicador geral do Estado, também será usado para balizar as metas para melhorar as condições da água, do ar e do solo do Estado nos próximos anos.
O relatório ficará disponível para consulta no site da secretaria, www.ambiente.sp.gov.br, a partir de segunda-feira.
Após a consulta pública, a secretaria vai definir quais serão as metas, que depois serão incluídas em resolução a ser baixada pelo secretário.
Ou seja, a população poderá cobrar daqui um ano caso os objetivos firmados pela pasta não sejam atingidos.

Notas
Desses indicadores listados, cinco aparecem com status atual ruim, cinco estão bons e nove estão regulares.
Os dados mostram, por exemplo, que em 2008 houve o desmatamento ilegal de 4.527 hectares no Estado. Assim, população e ONGs podem, neste caso, indicar qual deveria ser a meta para 2009 -para Graziano, o desflorestamento precisa chegar a zero.
Ainda de acordo com o secretário, chama a atenção o fato de São Paulo ainda "estar muito atrasado" em relação à questão do esgoto. Porém, ele sustentou que têm sido feitos grandes investimentos na área e que, no próximo ano, a situação deve estar bem melhor.
A apresentação dos dados aconteceu no Dia Mundial do Meio Ambiente e, para Graziano, foi uma forma de prestar contas para a sociedade e de ampliar a transparência no governo estadual.

FSP, 06/06/2009, Cotidiano, p. C3

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