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09 de Jun de 2011
O líder Yanomami Davi Kopenawa disse ontem que recebeu a confirmação de assessores do Ministério da Saúde que o nome apontado pelos indígenas para o Distrito Especial Sanitário Yanomami e Yekuana (DSEI-Y) será efetivado. A informação foi dada à Folha ontem durante a reunião de coordenadores regionais do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que está ocorrendo desde terça-feira na Casa de Cura, no trecho norte da BR-174.
Kopenawa afirmou também que por meio de lideranças do Instituto Sócio Ambiental (ISA), em São Paulo, recebeu a informação de que a presidente Dilma Roussef (PT) teria manifestado positivamente em atender a reivindicação dos Yanomami, que querem manter no comando do DSEI-Y a antropóloga Joana Claudete das Mercês Schuertz, que está interinamente no cargo.
Mas Davi Kopenawa disse que até que seja publicada a nomeação os índios vão continuar com os protestos de reter aeronaves que pousarem na terra indígena. Segundo ele, só pousam nos pólos-bases aqueles aviões previamente autorizados por lideranças da Hutukara Associação Yanomami, em Boa Vista. Essas aeronaves só fazem voos emergenciais. Mas não está sendo autorizado o envio de alimentos (veja denúncia no Espaço do Leitor, pág. 02A).
Desde o dia 20 os índios protestam contra ingerência política no DSEI-Y. Eles denunciam que o senador Romero Jucá (PSDB) teria indicado outro nome para o órgão, o que não seria aceito pelos Yanomami. O senador negou que tenha feito indicação para o cargo.
DISCURSO - Ao falar ontem na Reunião Ampliada do CIR, que se encerra hoje na Casa de Cura, Davi Kopenawa Yanomami falou que os alagamentos que estão ocorrendo no Estado é consequência das agressões ao meio ambiente. "Os pajés estão com raiva", disse atribuindo a tragédia à ira dos líderes espirituais indígenas.
Ele afirmou que os Yanomami no passado lutaram bravamente com arcos e flechas para defender seu povo, mas agora a flecha usada para guerrear é a caneta. "Essa é a nossa flecha de hoje: a caneta dos brancos", disse mostrando uma caneta para as lideranças indígenas de outras etnias presentes ao evento.
O líder Yanomami afirmou que as armas para lutar pelos direitos indígenas são o computador, a internet e o papel (documentos). "Eles [os brancos] chegam de mansinho que nem a onça para nos pegar", comparou Kopenawa pedindo para que os índios Macuxi e Wapichana estejam atentos para lutar também por seus direitos.
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