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Índias querem mais espaço

Página 20-Rio Branco-AC
Autor: Juracy Xangai
29 de Jun de 2005

Mulheres se organizam para conquistar maior visibilidade, resgatar e valorizar a cultura tradicional de seu povo

Representantes de etnias do Acre e sul do Amazonas estão reunidas para discutir atuação nas aldeias

Resgatar e valorizar a cultura tradicional dos povos indígenas além estimular atividades geradoras de renda são alguns dos temas que estão sendo debatidos durante a primeira assembléia da do Grupo de Mulheres Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia aberta na noite de segunda-feira e que está acontecendo ontem e hoje no auditório do Centro de Treinamento da Diocese de Rio Branco.

"Esta assembléia está sendo realizada a fim de organizar e treinar as representantes das comunidades indígenas que participarão do grupo de mulheres como forma de dar mais visibilidades às nossas ações dentro de nossas aldeias e no momento indígena como um todo", explicou Edna Carlos Brandão Chanenawa a coordenadora do grupo de mulheres.

Ela lembra que muito embora sempre tenha recaído sobre as mulheres indígenas as principais responsabilidades de manutenção das aldeias ao cuidarem dos roçados, da casa e da educação dos filhos, mesmo lá sua opinião sempre foi de pouca valia. "Hoje nós já estamos atuando como professoras, agentes de saúde e agentes comunitários, além de exercer diversas outras funções no próprio movimento indígena através de espaços que viemos conquistando pacientemente ao longo de muitos anos", relembrou ela.

A partir de agora, a proposta é fazer um resgate geral da cultura de cada povo começando pela língua, alimentação e costumes que garantirão a manutenção de sua identidade enquanto nação e a preservação de suas tradições. Para que isso seja realizável na prática elas estão programando a criação e o estímulo a atividades produtivas como a venda de artesanato e alimentos típicos, além de ervas e outros produtos tradicionais que identificam cada povo.

"Além das questões tradicionais, também precisamos atuar na orientação das mulheres quanto às doenças sexualmente transmissíveis, treinamento de parteiras, agentes de saúde e outros serviços que ajudem a melhorar a qualidade de vida em nossas comunidades".

Ele fez questão de lembrar que embora vivam isoladas e até numa condição mais submissa com relação ao homem, não é comum a agressão de índios contra suas esposas como acontece nas comunidades não índias. "Nós todos, mas principalmente nós, as mulheres, sofremos muito com o preconceito das pessoas quando afirmam que índio é seboso, fedorento, que não sabe falar e que lugar de índio é no mato como se a gente tivesse de viver como animais só no meio da floresta".

O evento que conta com a presença de representantes das principais comunidades indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia foi prestigiado pelo representante da Funai no Acre, Antônio Apurinã. "A Funai ainda não tem uma política específica de atendimento às mulheres, mas estimulamos e apoiamos iniciativas como esta por compreender que isso só vem reforçar a luta pela auto-afirmação e pela auto-sustentação dos povos indígenas do Acre e da Amazônia como um todo".

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