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Índias participam de ação sobre saúde da mulher em Dourados

MS Notícias
22 de Mar de 2007

Mulheres indígenas da aldeia Jaguapiru receberam nesta quarta-feira, 21 de março, ações voltadas à saúde da mulher promovidas pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e Prefeitura de Dourados, por intermédio da Secretaria Municipal de Saúde. As atividades envolveram orientação nutricional, teste de glicemia e coleta de material para o preventivo do câncer de colo uterino.

As equipes de saúde que atuam na Reserva Indígena encontram dificuldades em coletar material para o preventivo do câncer nas aldeias indígenas. Conforme a coordenadora técnica da Funasa, enfermeira Lídia Maria Montera, há resistência das mulheres e isso é uma preocupação porque não existem estudos que comprovem se há ou não mulheres com estado avançado do câncer.

Dados do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher do município mostram que não há mortes por câncer de colo uterino em mulheres indígenas registrados no ano passado, porém já existem alterações celulares nos exames preventivos e presença do vírus HPV, um dos causadores da doença. "Por isso, a importância da ação que tem o objetivo de intensificar a prevenção chamando as mulheres para o exame", diz Lídia.

Há seis anos, a saúde da mulher começou a ser difundida dentro das aldeias indígenas. A coordenadora técnica da Funasa explica que agora que as mulheres indígenas estão tendo contato com a informação sobre a sua própria saúde. "Já as mulheres brancas recebem esse tipo de informação, principalmente de fazer o preventivo, há décadas. Mesmo assim, atingimos 93% da meta do Ministério da Saúde que preconiza atendimento de, pelo menos, 30% das mulheres em idade fértil, que vai de 12 a 59 anos. O programa tem acontecido nas aldeias, mas essa ação é uma forma de ampliarmos o atendimento e massificar a importância da prevenção", informou a coordenadora.

A ação está dividida em quatro etapas. As duas primeiras foram realizadas na aldeia Bororó, onde foram coletados 270 materiais para o exame preventivo do câncer de colo uterino. Essa terceira etapa e a quarta, que será realizada na próxima quarta-feira, 28 de março, acontecem na aldeia Jaguapiru. A Secretaria Municipal de Saúde é parceira nas atividades oferecendo material de apoio, marmitex e disponibilizando também sua equipe técnica para as ações.

Fazem parte da equipe, as enfermeiras da Funasa Liliane Ferreira, Danila Câmara, Lídia Maria Montera, Ana Paula Batista e Jaqueline Fioramonte, a nutricionista da Funasa, Daniele Drech, a médica ginecologista do município Carla Becker e a enfermeira do município e coordenadora do Programa Saúde da Mulher, Grace Chedid.

ATRATIVO

Para servir de atrativo, fazendo com que mais mulheres indígenas procurassem a Unidade para a coleta do preventivo, a equipe contou com a colaboração voluntária da cabeleireira Maristela Souza dos Santos que promoveu uma sessão de beleza para as mulheres com corte de cabelo.

Ela conta que entrou como parceira porque sabe das dificuldades da equipe em chamar as mulheres da aldeia para a coleta do preventivo. Nas duas etapas que aconteceram no Bororó, Maristela diz que cortou mais de 150 cabelos. "Elas não procuram o salão para cuidar dos cabelos e eu estou aqui para colaborar não só com a equipe da saúde, mas com a beleza da mulher indígena", disse.

A índia Terena, Terezinha dos Santos Machado, de 42 anos, conta que esta é a primeira vez que faz a coleta de material para o exame preventivo do câncer de colo uterino. Ela diz que a vergonha muitas vezes impede as mulheres da aldeia de procurar a Unidade para tratamento e prevenção e elogia o trabalho da equipe. "Essa ação é muito boa para a comunidade".

Compartilha da mesma opinião a índia Caiuá, Dalva de Souza Porto, que só aos 45 anos procurou a Unidade para fazer o preventivo. "Essa ação é importante para a mulher da aldeia, para prevenir doenças. A índia não toma vacina, não procura os médicos para cuidar da sua saúde".

A próxima ação voltada para a saúde da mulher dentro da Reserva Indígena será para a prevenção do câncer de mama. Grace Chadid explica que a iniciativa deve ser gradual pela resistência das mulheres índias em se despir para os exames.

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