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Índia dá exemplo em energia nuclear

FSP, Mercado, p. B7
30 de Mar de 2011

"Índia dá exemplo em energia nuclear"
David Cahen, do Instituto Weizmann, de Israel, diz que alarme no Japão não reflete avanços tecnológicos na área
Entre as inovações estão prevenção ao derretimento dos reatores e resistência a catástrofes naturais

DE SÃO PAULO

Os alarmes sobre os riscos de radiação no Japão, trazidos após o terremoto que comprometeu a usina de Fukushima, não refletem os avanços tecnológicos em energia nuclear.
Quem defende a tese de que o exemplo japonês não refletiu o que há de mais avançado no tema é o especialista David Cahen, do Instituto Weizmann, de Israel.
Segundo ele, já é possível colocar em prática energia nuclear segura, com tecnologias de prevenção ao derretimento dos reatores e resistência a catástrofes naturais.
Um dos exemplos vem da Índia, que aposta suas fichas em usinas nucleares seguras para suprir até 25% da demanda por energia elétrica dessa forma até 2050.
"É essa tecnologia que pode evitar os riscos atuais. A energia nuclear segura será necessária para compor a "bolsa mista de abastecimento" que vai suportar o consumo do planeta em 30 anos", afirma o professor, que estará nesta semana no Brasil para palestras sobre energia.
Cahen, que ao longo do ano passado viajou por quase dez países para debater tecnologias limpas, acompanhou de perto a evolução das 20 usinas indianas e os esforços do Japão em energia.
O país conseguiu reduzir, em 40 anos, a participação do petróleo em sua matriz energética -de 80% para cerca de 45%-, avançou nas usinas nucleares -24% do abastecimento-, mas adotou parâmetros distantes dos considerados seguros.
Além disso, o Japão não aproveitou toda a tecnologia desenvolvida por seus institutos para massificar a energia solar, área em que tem pesquisas avançadas há quase 30 anos. Hoje, só 2% da energia vem dessa fonte.
"O país conseguiu desenvolver baterias para células solares capazes de serem levadas ao consumidor final. Talvez agora, depois do que aconteceu, realmente comecem a avançar na área", diz.
O exemplo japonês contribuirá para pressionar os governos sobre a necessidade de incentivar a diversificação da matriz energética, mas a tarefa não será fácil. Atualmente, os países estão reticentes sobre investimentos pelo retorno lento.
Um dos exemplos mais contundentes, na avaliação de Cahen, vem da China, que, apesar de estar na dianteira do ranking das nações mais poluidoras, já apresentou planos concretos para energia solar e eólica.
Em 2009, segundo a associação World Energy, o país investiu U$ 34,6 bilhões em energias limpas, crescimento de 148% desde 2004.
"É uma das nações que conseguirão exemplos práticos de uso das energias renováveis mais rápido para o mundo", afirma.
Cahen também defende maior interação das universidades com nanociência, para criar tecnologias que permitirão cortar à metade a dependência de carvão, gás e petróleo, hoje de cerca de 80%. (CAMILA FUSCO)

TEMA SERÁ ABORDADO EM ENCONTRO

Com o título "O desafio energético", a palestra de David Cahen acontecerá amanhã, às 20h, no Clube A Hebraica (rua Hungria, 200), em São Paulo. A entrada é grátis. A inscrição deve ser feita pelo e-mail weizmann.br@gmail.com.

FSP, 30/03/2011, Mercado, p. B7

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me3003201119.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me3003201120.htm

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