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Incra vai expulsar sem-terra que derruba mata

OESP, Nacional, p. A11
06 de Nov de 2007

Incra vai expulsar sem-terra que derruba mata
São 52 famílias que produzem carvão na Fazenda Teijin, em MS, onde há crianças trabalhando

João Naves

Mais de 52 famílias assentadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Nova Andradina, no sudeste de Mato Grosso do Sul, a 347 quilômetros de Campo Grande, serão excluídas do Programa Nacional de Reforma Agrária. A decisão foi anunciada ontem pelo superintendente regional do órgão, Luís Carlos Bonelli, após ler reportagem do Estado que revelou a derrubada de mata nativa e a produção de carvão em assentamento na Fazenda Teijin. A reportagem flagrou crianças trabalhando.

Bonelli informou que as famílias já haviam sido advertidas em agosto. "Os assentados estão infringindo cláusulas contratuais graves. Na condição de assentamento sem a infra-estrutura básica, é proibida qualquer atividade comercial que implique exploração da terra e recursos naturais renováveis."

O dirigente do Incra disse que "todo e qualquer assentado que cometeu crime ambiental" será excluído da reforma agrária e não será assentado em nenhum lugar do Brasil.

Quanto ao trabalho de menores em fornos de carvão, Bonelli informou que a fiscalização é de responsabilidade do Ministério do Trabalho. "Em um sistema de agricultura familiar, a família inteira trabalha. É o caso dos assentados pelo Incra."

INVASÃO

Após a desapropriação pelo Incra, a Fazenda Teijin, de 28,5 mil hectares, recebeu 1.067 famílias ligadas ao Movimento dos Sem-Terra (MST) e à Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri).

A propriedade engloba uma das poucas áreas de mata nativa da região, mas 187 famílias invadiram a reserva. Demarcaram os lotes, abriram clareiras e queimam a madeira para produzir carvão. O produto é vendido nas margens da BR-267 por R$ 40 o metro cúbico.

Segundo o superintendente-adjunto do Incra no Estado, Valdir Périus, há cerca de 100 infratores no local. "Temos denúncias de que a produção de carvão aumentou em relação ao que foi constatado e notificado em agosto." Périus informou que amanhã equipes do Incra, da Polícia Militar Ambiental e policiais do Departamento de Operações de Fronteira vão iniciar a expulsão das famílias.

OESP, 06/11/2007, Nacional, p. A11

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