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Incentivo financeiro aos produtores rurais colabora para conservação do Pantanal

G1 - http://g1.globo.com/
Autor: G1
03 de Abr de 2019

Incentivo financeiro aos produtores rurais colabora para conservação do Pantanal
03/04/2019 13h58

Representantes de governos estaduais, de empresas e de ONGs discutem iniciativas durante 3o Encontro da Carta Caiman.

Considerado o bioma mais preservado do Brasil, o Pantanal tem ainda 86% da sua área coberta por vegetação nativa, no entanto, o cenário preocupa.

Isso porque, no último monitoramento da cobertura vegetal e o uso do solo da Bacia do Alto Paraguai, constatou-se que o desmatamento da planície equivale a uma área de cinco campos de futebol a cada hora.

Entre as ameaças ao bioma existem ainda o déficit de Áreas de Preservação Permanente, que potencializa mudanças climáticas e contribui para o assoreamento dos rios, e o manejo inadequado do solo por parte da comunidade local, problemática discutida no 3o Encontro da Carta Caiman, em março deste ano.

Durante a reunião, organizada pelo Instituto SOS Pantanal em parceria com o SESC Pantanal, foram debatidas alternativas de geração de renda a partir do capital natural. "Pensamos em formas de remunerar o produtor que tem área protegida acima do que determina a legislação ambiental a partir de um mercado de compensação justo e efetivo, que valorize as áreas onde a vegetação nativa está conservada e permita a compensação em regiões distantes daquela onde o déficit se localiza", explica Felipe Dias, diretor executivo do Instituto.

De acordo com o engenheiro agrônomo, a proposta metodológica é garantir retorno financeiro para viabilizar a gestão da unidade de conservação. "Assim, contribuímos para a melhoria econômica, social e ambiental da região", diz.

O maior desafio atualmente é conscientizar a sociedade, principalmente no aspecto da comunicação, a fim de traduzir o conhecimento científico em uma linguagem didática
- Felipe Dias, diretor executivo do Instituto SOS Pantanal

Pesquisadores e representantes do terceiro setor, de iniciativas privadas e dos governos dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul participaram da discussão, no entanto, Felipe alerta sobre a necessidade de envolver a comunidade local nas ações de conservação.

"Para ter sucesso, as iniciativas precisam do todo: instituições, ONGs e a comunidade fortalecendo e sensibilizando o poder público a estabelecer políticas efetivas de desenvolvimento", comenta.

Em prol do Pantanal

Preocupados com as notícias que circulavam em 2015 de que o Pantanal seria a nova fronteira agrícola, pesquisadores do Instituto SOS Pantanal realizaram uma reunião para debater sobre a temática, quando então planejaram o evento. "Em 2016 realizamos um encontro histórico, reunindo pela primeira vez governadores do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para debater sobre o bioma", conta Felipe.

Durante a conversa foram assumidos compromissos para o desenvolvimento e proteção do Pantanal, documentados na então Carta Caiman. "Agilizar a aprovação da lei do Pantanal, estabelecer áreas de interesse para o econegócio, rever os plantios de monoculturas, implementar o pagamento por serviços ambientais e assegurar o modelo de conservação da Reserva da Biosfera foram os compromissos assumidos", explica o diretor executivo, que destaca alguns resultados obtidos ao longo dos anos.

"A Reserva da Biosfera, título dado pela UNESCO que havia risco de ser retirado, foi mantido. A nova fronteira agrícola como era anunciada não se tornou realidade e a Lei do Pantanal de 2011, que estava parada no senado federal, avançou a partir de 2017. Além disso, foi criada uma comissão técnica para questões de econegócio e algumas legislações que divergiam sobre o Pantanal foram compatibilizadas", relata.

Felipe também comemora os avanços pontuais no setor privado e nas organizações não-governamentais. "Proprietários de fazendas no Pantanal criaram reservas particulares e estabeleceram novas tecnologias. No que tange ao turismo, foram criadas associações que fortalecem o setor em alguns municípios", completa.

É necessário que os governos implementem políticas de conservação de solo e água, principalmente dos rios que escoam para o Pantanal
- Felipe Dias, diretor executivo do Instituto SOS Pantanal

https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2019/04/…

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