VOLTAR

Importadores ingleses de mogno apóiam maior proteção à espécie

Greenpeace Brasil-São Paulo-SP
22 de Out de 2002

Federação do Comércio de Madeira e Timbmet, maior importadora de madeira do país, defendem a proposta de listar o mogno no Anexo II da Cites

Os importadores ingleses de mogno enviaram cartas ao Greenpeace e ao WWF apoiando medidas de maior proteção ao mogno (Swietenia macrophylla, King) através da inclusão da espécie no Anexo II da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (Cites) (1). A Federação do Comércio de Madeira e a Timbmet, maior importadora de madeira dura do país, consideram que a medida vai assegurar a proteção ao mogno, melhorar o combate ao mogno ilegal, auxiliar na preservação da espécie e assegurar a manutenção do mercado para o mogno (2). O mogno brasileiro, mais valiosa madeira das Américas, está ameaçado de extinção devido à intensa exploração ilegal e predatória verificada nas últimas décadas.

"A posição dos importadores ingleses é um claro recado ao governo brasileiro e aos exportadores nacionais: a listagem do mogno no Anexo II é benéfica ao Brasil, país que, erroneamente, sempre resistiu em apoiar essa medida", disse Paulo Adario, coordenador da Campanha da Amazônia do Greenpeace. "Além de ajudar a aumentar a proteção dessa espécie ameaçada de extinção, o Anexo II vai restaurar a confiança do consumidor e, portanto, contribuirá para reabrir o mercado internacional ao mogno brasileiro".

A Federação de Comércio de Madeira da Inglaterra afirma que "vê com bons olhos o aumento da transparência no comércio internacional do mogno e qualquer esforço que vá garantir que toda madeira comercializada internacionalmente é extraída legalmente e que os volumes de exportação são mantidos em níveis sustentáveis. A listagem deve complementar e assistir a implementação de medidas existentes de manejo florestal em países de ocorrência" (caso do Brasil). "Gostaríamos de ressaltar que a mensagem aos consumidores deve ser clara e que a inclusão do mogno no Anexo II da Cites não deve ser visto como um banimento ou um boicote".

A Federação, que representa aproximadamente 85% dos importadores de madeira, afirma ainda que, "apesar da listagem da espécie no Anexo III ter melhorado o monitoramento e comércio, sua implementação foi feita de forma inconsistente" (3) - como provam os problemas enfrentados recentemente no comércio de mogno (o governo brasileiro determinou a paralisação do mercado de mogno em outubro de 2001, depois que o Greenpeace comprovou a exploração e comércio de mogno ilegal).

A Timbmet, em sua carta, afirma: "Estamos cientes de que muitos comerciantes de mogno se opõem à listagem da espécie no Anexo II, por razões que desconhecemos. Nós achamos esta posição paradoxal: não apenas o comércio de mogno é atualmente problemático por questões envolvendo a implementação do Anexo III como a sustentabilidade de longo prazo de seu fornecimento é duvidosa".

De acordo com a maior importadora de madeira da Inglaterra, a listagem do mogno no Anexo II vai garantir uma melhor implementação da medida, reduzindo os níveis de exploração e comércio ilegais e eliminando distorções do mercado que favorecem a atividade ilegal. A listagem no Anexo II vai requerer a manutenção dos volumes de exportação em níveis que possam garantir a sobrevivência da espécie em seu habitat natural, tornando o comércio do mogno sustentável no longo prazo.

Notas:

(1) A Cites se reúne de 3 a 15 de novembro em Santiago do Chile, e vai discutir proposta da Nicarágua, apoiada pela Europa e América Central, de aumentar a proteção ao mogno e assegurar maior transparência e controle sobre o comércio através da listagem da espécie no Anexo II. Esse anexo obriga compradores e vendedores a comercializar apenas produtos comprovadamente legais e extraídos de forma a não colocar em risco a sobrevivência da espécie. O mogno brasileiro está hoje listado no Anexo III, que é bem mais frágil como medida de controle.

(2) Veja íntegra das cartas da Federação do Comércio de Madeira e da Timbmet: original em inglês / tradução em português.

(3) Pelo menos metade do mogno exportado entre 1999 e 2001 é ilegal, conforme levantamento do Ibama. Essa madeira sem origem foi vendida ao exterior com documentos emitidos pelo governo brasileiro e com certificados Cites III impressos pela autoridade Cites no Brasil - o próprio Ibama.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.