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Importação de gás natural pelo Brasil ficou 'crônica', diz ANP

FSP, Mercado, p. B1
21 de Mai de 2013

Importação de gás natural pelo Brasil ficou 'crônica', diz ANP
Estudo da agência diz que governo deveria reconhecer dependência, para baratear os custos
Termelétricas fizeram governo estender por dois anos importação por mercado à vista, que tem custo maior

DENISE LUNA MARIANA SALLOWICZ DO RIO

A importação de Gás Natural Liquefeito (GNL) deixou de ser esporádica no Brasil e passou a ser sistemática. É o que indica estudo feito pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). Segundo a agência, o combustível é uma necessidade para o suprimento das usinas térmicas.
De acordo com o estudo, se o governo reconhecesse esse fato, a importação do GNL poderia ser feita por contratos de longo prazo, o que reduziria o preço do insumo.
No início de 2013, diz o documento, o preço do GNL importado atingiu US$ 18 o milhão de BTU (unidade internacional de medida do gás) no mercado à vista, para encomenda imediata --e com custo maior (o chamado mercado spot).
O valor era, em média, de US$ 12,91 o milhão de BTU em 2012. A importação de GNL no Brasil é feita quase que exclusivamente pela Petrobras.
A compra de GNL no mercado à vista "deixa o país sujeito à volatilidade do preço internacional do gás", diz o estudo da agência. Com a necessidade de importação pela Argentina e o aumento da concorrência regional por GNL, o preço tem oscilado muito e crescido.
No final de janeiro, o Ministério de Minas e Energia estendeu por mais dois anos a autorização para a Petrobras importar até 40 milhões de metros cúbicos de GNL no mercado à vista. Pelo estudo, porém, o mais econômico seria dar o aval à assinatura de contratos de longo prazo, a custos menores.
TENDÊNCIA DE ALTA
Para a ANP, a autorização para compras esporádicas é um indicativo de que as importações vão continuar a crescer neste ano --puxadas principalmente, como em 2012, pela demanda das usinas térmicas.
Se as chuvas não forem suficientes, quatro usinas térmicas já desligadas podem voltar a funcionar para garantir o fornecimento de energia.
Além dessas usinas, mas por falta de gás natural da Argentina, foi desligada a térmica de Uruguaiana, que estava operando com GNL (Gás Natural Liquefeito) importado pela Petrobras.
O consumo de gás natural no Brasil cresceu 22% no ano passado, contra um aumento da produção nacional da ordem de 7%, o que obrigou a Petrobras a importar mais GNL para atender o mercado.
O gás, com participação relevante no custo de produção de diversos setores da economia, está no foco de discussão do setor. A ANP marcou para outubro o primeiro leilão apenas de gás.
"Há cinco anos, não havia venda de áreas de exploração de gás. Estamos atrasados", diz o diretor da CBIE Adriano Pires. Serão ofertadas áreas com potencial para extração de gás convencional e também não convencional.
Para que os preços fiquem mais atrativos, diz, são necessários incentivos fiscais. "O ideal seria um pacote direcionado para o gás."

Chuva em maio está abaixo da média

As chuvas em maio ficaram abaixo do esperado, segundo o presidente do ONS (Operador Nacional do Sistema), Hermes Chipp, que disse que espera uma melhora em junho.
Os reservatórios das hidrelétricas continuam abaixo da média de 2011 e a tendência, segundo Chipp, é que as usinas térmicas, que aumentam o custo das tarifas elétricas, continuem operando para dar segurança ao sistema.

Preços dos EUA dariam economia de R$ 10 bilhões

DO RIO

A indústria brasileira poderia economizar US$ 4,9 bilhões por ano (cerca de R$ 10 bilhões) com tarifa de gás natural e ganhar competitividade, se pagasse o semelhante ao cobrado nos EUA, mostra estudo divulgado pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do RJ).
Com consumo anual de 10,4 bilhões de metros cúbicos, as indústrias do país desembolsam anualmente o equivalente a US$ 6,6 bilhões. O custo cairia para US$ 1,7 bilhão se a tarifa média brasileira fosse parecida com a do mercado americano.
Os Estados Unidos, porém, têm um dos menores custos do mundo. A descoberta de grandes reservas de gás de xisto levou a uma queda significativa no preço do insumo.
O estudo mostra, por exemplo, que uma empresa química brasileira com 600 empregos gasta com a compra do insumo R$ 29,8 milhões ao ano a mais do que uma americana do mesmo porte e setor.
Segundo estudo da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do RJ) divulgado ontem, a tarifa média nos EUA é de US$ 4,45 por milhão de BTU, enquanto no Brasil é de US$ 17,14.
Entre os custos que pesam na tarifa do gás estão transporte e tributos. Os EUA, por exemplo, têm um grande sistema de distribuição por gasoduto, o que reduz os custos.
Adriano Pires, diretor da consultoria CBIE, pondera que os EUA têm o custo mais baixo por terem incentivado durante anos o gás de xisto. Em outros mercados, como Europa e Ásia, os custos são semelhantes ao do Brasil, diz.
COMPETITIVIDADE
A importação de GNL só faz crescer o problema da falta de competitividade no Brasil, tema principal de palestra do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, durante abertura da Feira Internacional do Plástico, em São Paulo.
Ele defendeu incentivos como a desoneração de insumos importantes para a indústria. "Talvez possamos desonerar ainda mais as matérias-primas. Precisamos buscar outras formas de reduzir os custos da indústria. Temos uma agenda complexa pela frente, mas que pode ser enfrentada", afirmou.

FSP, 21/05/2013, Mercado, p. B1

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/109958-importacao-de-gas-natur…
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/109959-chuva-em-maio-esta-abai…
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/109960-precos-dos-eua-dariam-e…

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