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Imagens raras mostram raposa-do-campo com filhotes em GO

G1 - https://g1.globo.com
Autor: Fábio Gallacci
21 de Nov de 2018

Imagens raras mostram raposa-do-campo com filhotes em GO
21/11/2018 12h11

Por Fábio Gallacci, Terra da Gente

Um dos canídeos menos estudados do mundo está ameaçado de extinção

Vídeos registram comportamento de raposa rara no Brasil
https://globoplay.globo.com/v/7176341/

Atropelada, envenenada, caçada por cães e até alvo de tiros. Mesmo assim, ela persiste por gerações no Cerrado. Essa é a brava rotina de resistência de uma espécie até onde se sabe totalmente brasileira, mas que poucos conhecem.

Colocar a raposa-do-campo (Lycalopex vetulus) em evidência é uma das missões de vida de Frederico Gemesio Lemos, professor da Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão, e Fernanda Cavalcanti de Azevedo junto aos pesquisadores do Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado (PCMC).

Através desses pesquisadores, o site do Terra da Gente teve acesso a imagens exclusivas de uma fêmea vivendo livremente com seus três filhotes. Os flagrantes, raros, foram feitos no Sudeste de Goiás, na região do Limoeiro, município de Cumari. Na natureza, o animal prova que é um verdadeiro sobrevivente.

"A raposa-do-campo é um dos canídeos menos estudados do mundo. Apesar de ainda ser estudada em poucas áreas estamos estabelecendo novos paradigmas. Isso vai servir de base para futuros trabalhos sobre uma espécie icônica do Brasil."
Mesmo sem ser muito conhecido pelas pessoas e comunidade científica, ele já se encontra na lista oficial brasileira de espécies ameaçadas de extinção. Os habitats de qualidade cada vez mais restritos, o avanço do desenvolvimento urbano e o preconceito de alguns aparentemente poderia provocar uma redução populacional considerável da raposa-do-campo.

"É um carnívoro exclusivamente nacional e ainda o desconhecemos", afirma Lemos, reforçando a necessidade de se buscar mais conhecimento. "Quanto mais estudos sobre a raposa-do-campo, mais chances temos de entender melhor as ameaças à espécie e reverter esse quadro", reforça o pesquisador.

Para monitorar os animais, o PCMC tem utilizado colares com radiotransmissores VHF e GPS, brincos de identificação e armadilhas fotográficas. Estas ferramentas têm permitido aos pesquisadores conhecer a dinâmica populacional da raposa-do-campo, como a espécie usa o espaço e os habitats disponíveis, e principalmente como o animal interage com outras espécies silvestres e domésticas, incluindo os seres humanos.

"É importante que divulguemos informações. As pessoas precisam saber que não somos especiais apenas no futebol ou samba. Em biodiversidade, somos uma nação única e muito rica também."
O mamífero possui um padrão de atividade crepuscular-noturno, iniciando sua atividade após o pôr-do-sol e terminando ao amanhecer. Em relação ao comportamento, apesar de buscarem alimento sozinhas, as raposas-do-campo são consideradas monogâmicas, formando pares reprodutivos durante a estação de acasalamento que permanecem juntos durante a criação dos filhotes, sendo o contato entre a fêmea e o macho mais intenso nos quatro primeiros meses de vida da prole.

"É importante que divulguemos informações. As pessoas precisam saber que não somos especiais apenas no futebol ou samba. Em biodiversidade, somos uma nação única e muito rica também."

Conservação
Atualmente, a raposa-do-campo é uma das espécies contempladas no Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Canídeos Brasileiros (PAN Canídeos). A iniciativa é coordenada pelo Centro Nacional para a Pesquisa e Conservação dos Mamíferos Carnívoros (CENAP/ICMBio) e fruto da avaliação de especialistas que estabeleceram as melhores estratégias para aumentar o conhecimento sobre o animal e garantir sua sobrevivência em longo prazo.

Dentre as ações prioritárias previstas no PAN Canídeos estão a proteção dos habitats adequados à sobrevivência da raposa-do-campo, redução da retirada de indivíduos da natureza por atropelamento e resgates de fauna mal-elaborados, e o aumento da divulgação da espécie ao público.

https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2018/11/…

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