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Imagens de lutas e resistência

Jornal do Commercio, p. C5
15 de Jul de 2014

Imagens de lutas e resistência
Exposição traz uma retrospectiva em imagens da luta destes povos

Evaldo Ferreira
eferreira@jcam.com.br

Até há pouco mais de 500 anos, os indígenas eram os senhores de toda a terra onde hoje se situa o Brasil. Mas chegaram os europeus invasores, foram tomando posse de tudo e promoveram o genocídio de vários povos. Os que restaram até os dias atuais, resistem da maneira que podem, principalmente se unindo ao inimigo e, em muitos casos, abrindo mão de sua cultura.
Para se ter uma ideia de como os indígenas sempre foram deixados para segundo plano no país, quando o antropólogo Claude Lévi-Strauss se preparava para vir pela primeira vez ao Brasil, em 1934, para lecionar na Universidade de São Paulo, num encontro com o embaixador brasileiro na França, lhe perguntou sobre os índios e como deveria proceder para visitar uma comunidade indígena, 110 que o embaixador respondeu: "índios? Infelizmente, prezado ca-valheiro, lá se vão anos que eles desapareceram (...). O senhor vai descobrir 110 Brasil coisas apaixonantes, mas nos índios, não pense mais, não encontrará nem um único".
Hoje, terça-feira (15), no calçadão da Ponta Negra, para mostrar que os índios não desapareceram e continuam lutando por seus direitos, a embaixada da Noruega e o ISA (Instituto Sócio Ambiental), com o apoio da Manaus Cult, realizam a exposição de fotografias "Povos Indígenas no Brasil - 1980/2013", uma retrospectiva em imagens da luta destes povos por seus direitos coletivos, em cartaz até 17 de agosto.
A maior parte das imagens da exposição foi publicada na imprensa e nos volumes da série "Povos Indígenas 110 Brasil", iniciada em 1980 pelo CEDI e continuada pelo ISA, a partir de 1984, como apoio ao Programa para Povos Indígenas da Embaixada Real da Noruega, em Brasília.
Apoio da Noruega
"Em 1983, a Noruega criou uma linha específica de apoio aos povos indígenas. Brasil foi o país piloto escolhido para receber recursos dessa iniciativa, que se estende até os dias atuais", falou Aud Marit Wiig, embaixador da Noruega em outubro do ano passado, dois meses antes de a exposição começar sua jornada por todo o país a partir de Brasília. "A Noruega vem firmando parcerias de longa duração com várias associações indígenas e organizações não governamentais indigenistas no Brasil. Foco tem sido o apoio institucional, muitas vezes em conjunto com atividades de monitoramento, planejamento e capacitação. Nas últimas três décadas, a apoio norueguês tem contribuído significativamente para o desenvolvimento e fortalecimento do movimento indígena no Brasil", concluiu o embaixador.
"As 44 imagens são datadas e aparecem em ordem cronológica, apoiadas por textos e mapas. Cobrem o período de 33 anos, no qual os povos indígenas saíram da invisibilidade para entrar de vez no imaginário e na agenda do Brasil contemporâneo. Marco desse processo foi o capítulo inédito com os direitos indígenas inscritos na Constituição Federal aprovada pelo Congresso Nacional em outubro de 1988", disse Beto Ricardo, do ISA.
"Registram momentos marcantes e de desafios que os povos indígenas enfrentam para que seus direitos sejam efetivamente respeitados. Ao selecioná-las, pretende-se que essas imagens sirvam de referência para as narrativas dos seus protagonistas, assim como para o aprendizado das novas gerações", completou Beto.

Jornal do Commercio, 15/07/2014, p. C5

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