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Identificada nova espécie da mata atlântica

OESP, Geral, p. A10
27 de Set de 2004

Identificada nova espécie da mata atlântica
Biólogo do Instituto Florestal acrescenta a 'Aioea atlantica' à família das canelas

Evanildo da Silveira

A família vegetal das canelas, que inclui a imbuia (Ocotea porosa), o abacateiro (Persea americana) e o pau-rosa (Aniba rosaeodora), acaba de ganhar um membro. O biólogo e pesquisador científico João Batista Baitello, do Instituto Florestal de São Paulo, identificou uma nova espécie das lauráceas. Trata-se de uma árvore que quando adulta pode chegar a 17 metros de altura, batizada por ele de Aioea atlantica, porque é típica da mata atlântica.
Na verdade, amostras dessa planta já vinham sendo coletadas desde 1941 e guardadas em vários herbários do Estado. "Ninguém sabia, no entanto, de que espécie se tratava", diz Baitello, que também é botânico e especialista na família das lauráceas. "Há cerca de um ano recebi amostras do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e comecei a estudá-las."
O trabalho de identificação de uma nova espécie, seja de planta ou animal, é lento e meticuloso. O especialista precisa comparar as amostras que se supõe serem de uma nova espécie com todas as outras conhecidas e catalogadas daquela família. Por eliminação, se a amostra não pertencer a nenhuma espécie conhecida é porque é nova para a ciência. Baitello levou cerca de um ano realizando esse trabalho. Há um mês ele concluiu que a A. atlantica era mesmo desconhecida.
Agora vem a segunda fase do processo. O pesquisador precisa oficializar a descoberta perante a comunidade científica nacional e internacional. Para isso, ele está preparando um artigo com uma descrição da nova planta em latim, conforme determinam as normas internacionais de nomenclatura botânica, acompanhado de uma descrição em português. O texto deverá ser publicado numa revista especializada.
Segundo Baitello, a família das lauráceas é de grande interesse econômico, pois suas espécies são ricas em essências aromáticas. O exemplo mais conhecido é o pau-rosa, planta amazônica da qual se extrai uma essência que faz parte da composição do famoso perfume francês Chanel n.o 5.
Ainda não se sabe a freqüência com que a nova espécie ocorre na mata atlântica. "Pelo número de amostras coletadas até hoje, cerca de dez, supomos que ela não seja muito comum", diz Baitello. "Mas a A. atlantica não corre perigo, porque sua área de ocorrência, que chega a 28 mil quilômetros quadrados, é, em grande parte, dentro de unidades de conservação."

OESP, 27/09/2004, Geral, p. A10

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