VOLTAR

ICMBio comemora sucesso do projeto Golfinho Rotador

ICMBio - www.icmbio.gov.br
05 de Set de 2008

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) comemorou, no final de agosto, mais um ano de atividades do projeto Golfinho Rotador. A festa, organizada na Escola Arquipélago Fernando de Noronha, palco das ações de Educação Ambiental do Centro Mamíferos Aquáticos na ilha, contou com a presença de autoridades locais, alunos de escolas do primeiro grau e convidados. A comemoração serviu, de fato, como pano de fundo para a divulgação junto à sociedade de um projeto que, embora esteja oficializado a apenas um ano, já vem sendo executado há 18 anos pelo oceanógrafo José Martins da Silva Júnior, que elaborou o PGR junto com o então diretor do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, Heleno Armando da Silva.

Martins trabalhou em ONG, com os golfinhos, no arquipélago de Fernando de Noronha, tendo sido chamado há um ano para assumir o cargo em concurso de analista ambiental do Centro Mamíferos Aquáticos (CMA). Foi quando ele apresentou à direção do ICMBio e do CMA o Projeto Golfinho Rotador (PGR).

Os golfinhos encontrados em Fernando de Noronha pertencem à espécie Stenella longirostris e são conhecidos popularmente como golfinhos-rotadores, por girarem em torno do próprio eixo quando saltam fora dágua. Eles atingem 2 metros de comprimento, pesam 75 kg e apresentam padrão tricolor: cinza-escuro no dorso, cinza-claro nos flancos e branco no ventre.

As condições ambientais fazem de Fernando de Noronha o local no mundo mais provável de se encontrar regularmente altas concentrações de golfinhos, aumentando a responsabilidade em prol da conservação do arquipélago. Desde que foi criado, o Projeto Golfinho Rotador vem aumentando sua rede de executores e hoje é o resultado de uma parceria entre o Centro Mamíferos Aquáticos (centro de fauna especializada especializado do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) / Ministério do Meio Ambiente), com o Centro Golfinho Rotador (organização não-governamental socioambiental de Fernando de Noronha), com o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, com a Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha e com a Escola Arquipélago Fernando de Noronha. A Petrobras é o patrocinador oficial. Também são patrocinadores do projeto o Criança Esperança/Unesco, a Fundação Avina, SOS Mata Atlântica, Vivo, CVC e Atalaia Turismo.

Os golfinhos-rotadores têm hábitos gregários, com agrupamentos sociais muito fluídos, quanto ao tamanho e constituição. Estes agrupamentos podem variar de 3 a mais de 2 mil indivíduos, que se movem livremente entre diferentes círculos de companhia em questão de minutos, horas, dias ou semanas. A menor estrutura social dos golfinhos-rotadores é a "célula familiar", que é liderada por uma fêmea mais velha, a matriarca, e é composta pelas descendentes fêmeas desta fêmea e pelos descendentes machos imaturos. Quando os machos ficam adultos, eles saem da célula familiar e passam para a classe flutuante, composta só por machos adultos. Várias "células familiares" se reúnem para formar um "agrupamento", que pode conter várias gerações da mesma família e vários machos da classe flutuante.

O primeiro relato da presença de golfinhos em Fernando de Noronha foi do Frei Thevet em 1556. Durante a ocupação francesa, de 1736 a 1737, Fernando de Noronha foi chamada de "Île Dauphin", em alusão à freqüente presença dos golfinhos no arquipélago.

Em 95% dos dias do ano, grupos de 3 a 2000 (315 em média) golfinhos-rotadores entram na Baía dos Golfinhos. O horário médio de entrada do primeiro grupo é às 6h14 e o horário médio de saída do último grupo é às 13h37. O ciclo diário de atividades dos golfinhos em Fernando de Noronha é o seguinte: alimentação noturna, movimento matinal em direção à Baía, chegada ao nascer do sol e saída à tarde para as zonas de alimentação.

De 1991 a 2005, o número de entradas de golfinhos-rotadores na Baía dos Golfinhos oscilou de 63.132 rotadores no ano de 1994 a 189.593 rotadores em 2001. Em 2005, a freqüência de rotadores na Baía dos Golfinhos permaneceu na média, dentro dos parâmetros naturais, demonstrando que os trabalhos de conservação do Projeto golfinho Rotador e do ICMBio tem dado certo. A Baía dos Golfinhos é utilizada como área de descanso, reprodução, cuidado dos filhotes e refúgio de tubarões.

Os golfinhos têm uma necessidade fisiológica de sono menor que a humana. Durante o período de descanso, os golfinhos baixam seu metabolismo (somatório das reações químicas que acontecem no seu corpo) e entram no estágio "alfa" de sono. Eles diminuem o ritmo respiratório e os batimentos do coração. O comportamento de descanso dos rotadores consiste em um lento movimento ascendente-descendente entre a superfície e o fundo da enseada.

Os golfinhos se dividem em subgrupos de 3 a 50 indivíduos e realizam um zig-zag vertical, com um lento deslocamento horizontal. Os animais vêm à superfície, onde permanecem em média 15 segundos e submergem lentamente. Com o corpo curvado, caem até próximo do fundo, quando voltam a subir. O tempo máximo de submersão observado foi de 3 minutos e 20 segundos, e o tempo médio de 2 minutos e 45 segundos. O horário preferencial de repouso é no final da manhã, das 10 às 14horas.

As atividades sexuais ocorrem durante a maior parte do tempo em que os rotadores estão na Baía dos Golfinhos e podem ser divididas em duas classes: reprodutiva e não reprodutiva. No comportamento de cópula reprodutiva dos golfinhos-rotadores, a fêmea é cortejada por um a vinte machos simultaneamente, que nadam em formação triangular atrás dela. Já a estratégia sexual sem fins reprodutivos ocorre de forma promíscua e polígama, podendo machos e fêmeas se correspondem entre si, sem distinção de sexo, apenas com objetivo de alcançar prazer sexual ou afetivo.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.