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Ibama recua em acusação de biopirataria

FSP, Ciência, p. A29
27 de Set de 2008

Ibama recua em acusação de biopirataria

Eduardo Geraque
Da reportagem local

Luiz Hildebrando da Silva, um dos maiores parasitologistas do Brasil, e Rodrigo Stábeli, ambos radicados em Rondônia, não vão ser mais rotulados de biopiratas pelo Ibama.
O órgão ambiental federal desistiu de notificar os cientistas que, na segunda-feira, haviam se recusado a receber dois de seus fiscais em Porto Velho.
Os funcionários do Ibama iriam notificar a dupla, acusada, de forma anônima, de praticar biopirataria (mandar para o exterior amostras da biodiversidade brasileira e de sangue de populações tradicionais sem licença).
"Não se fiscaliza biopirataria assim. Foi um ato constrangedor e até infantil", disse à Folha, pelo Ibama, Antônio Gamne, da Coordenação de Operações e Fiscalização.
Segundo Stábeli, os órgãos públicos do Brasil, com ações como essa, estão "satanizando" a ciência. "Parece que voltamos para a Inquisição", disse.
O pesquisador suspeita que as acusações anônimas, enviadas direto a Brasília, devam ter saído dos biopiratas de verdade. "Temos todas as licenças, emitidas pelo próprio Ibama", afirmou Stábeli.
Segundo o cientista da Universidade Federal de Rondônia, mais de 80% dos estudos de bioprospecção na Amazônia hoje acabam sendo conduzidos no exterior por causa de amarras burocráticas.
"É preciso colocar pessoal com formação científica para dar as licenças e não técnicos sem preparo", afirmou o cientista, que há cinco anos estuda moléculas de plantas da mata para o desenvolvimento de novos fármacos.

FSP, 27/09/2008, Ciência, p. A29

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