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Ibama promove soltura dos Tracajás nos Ashaninkas

O Rio Branco-Rio Branco-AC
31 de Jan de 2003

A Gerente Executiva do Ibama no Acre, Idelcleide Rodrigues; o comandante do 61o BIS, Tenente-Coronel Falcão, e o representante da S. O. S Amazônia, Leôncio Cerqueira, juntamente com comitiva de técnicos do Ibama participaram da festa da primeira soltura de quelônios na Aldeia dos Índios Ashaninka no rio Amônia. A soltura de mais de 800 quelônios foi um evento que simbolizou o resultado do trabalho dos índios dentro de um Projeto de Manejo para reprodução de quelônios que tem o apoio do Ibama e da S. O . S Amazônia, cujo maior objetivo é o repovoamento dos rios e o resgate da espécie em extinção.

Antecedendo o ato da soltura, as lideranças da aldeia, os irmãos Pianco, reuniram-se com a comitiva e expuseram toda a trajetória deste trabalho que, segundo eles, desde 1988 pensavam em encontrar meios para recuperar a fauna e a flora da região e tentar impedir a retirada dos mesmos de forma ilegal.

Os Ashaninka faziam os trabalhos de reflorestamento e repovoamento de forma empírica e, somente em 1992, com a terra indígena demarcada foi possível conseguir as parcerias para a realização de projetos de forma ordenada. Nesse ínterim, acrescenta Benke Pinco, visitaram muitas instituições e quando contataram a Idelcleide Lima do Ibama, encontraram uma grande parceira. Ela foi até a aldeia acompanhada por técnicos e sentiu a viabilidade do projeto, depois voltou acompanhada pelo então presidente do Ibama, Hamilton Casara, que também se comprometeu a apoiá-los. O Projeto finalmente foi elaborado por técnicos do Ibama e encaminhado para aprovação, mas, infelizmente, não foi aprovado na integridade, determinada, Idelcleide recorreu a S. O . S Amazônia para selarem mais esta parceria, tudo perfeito, o Ibama entrou com os recursos técnicos e apoio logístico , a S. O . S Amazônia com os recursos financeiros e os Índios com a vontade de trabalhar , então veio o resultado: sucesso absoluto no primeiro ano de execução. Pela primeira vez, não houve nenhuma perda de ovos, todos vingaram e, hoje, a região do amônia pode contar com mais de 400 filhotes de tracajás povoando o rios, em breve, prontos para prosseguirem com a perpetuação da espécie.

A escolha pelo trabalho de manejo com quelônios foi decidida pela comunidade Ashaninka por estarem cientes de que a espécie estava cada vez mais escassa na região e, se assim continuasse, a alimentação deles ficaria cada vez mais comprometida, seus filhos e netos em pouco tempo não poderiam mais desfrutar da caça e desse tipo de alimento. Com o manejo a tendência é voltar os tempos de fartura.

Para chegar a este resultado, disse Benke, os esforços foram muitos, visitaram outros projetos de reprodução de quelônios com o apoio do Ibama, como o do Abunã, intitulado S. O . S Tracajás, registraram tudo e aprenderam muito, a segunda fase foi a de conscientizar a comunidade Ashaninka a não comer mais os ovos e ao invés disso coleta-los para que vingassem e daí nascessem cada vez mais tracajás e, que em pouco tempo os rios voltassem a ficar abundantes da espécie. "Queremos mostrar e compartilhar a nossa experiência com outras comunidades e dizer para eles da importância e responsabilidade que temos de repovoar os rios e continuar com fartura na mesa." Finalizou Benke.

A soltura
O Ato da soltura dos filhotes dos tracajás foi marcado por muita emoção. Depois de tanto trabalho que vai desde a desova coleta dos ovos, e eclosão os índios sentiram remorso e pena de devolve-los ao seu habitat natural, das crianças aos adultos as lágrimas eram indisfarçáveis, mas, era o jeito, a expectativa e maior para esse ano quando eles pretendem coletar mais de 1.000 ovos e prosseguir com a missão de repovoamento com vistas à fartura e perpetuação da espécie.

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