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Ibama mantém operações

O Liberal
10 de Mai de 2006

Ibama mantém operações
Apesar da greve dos servidores, o Instituto de Meio Ambiente tem em andamento oito operações somente no Estado do Pará

Agentes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Pará estão participando de oito operações simultâneas contra desmatamento, extração ilegal de madeira, tráfico de animais silvestres e outras agressões contra os recursos naturais em diversas regiões do Estado, apesar da greve que atinge o órgão e dura seis dias. O trabalho de fiscalização e combate aos crimes contra o meio ambiente não foi afetado pela paralisação dos servidores e está dentro do limite de 35% de funcionamento das atividades do Ibama.
A ação dos fiscais acontece na Terra do Meio, sudeste paraense, região oeste e Marajó e integra o Plano de Monitoramento e Controle dos Desmatamentos na Amazônia Legal, além do combate ao fogo nas florestas e de assistência a emergências ambientais. Por decisão do Conselho Gestor do Ibama, as operações de campo definidas em planejamento continuarão em vigor, pois são consideradas serviços essenciais - inclusive pela Justiça -, por seu caráter de utilidade pública e de proteção do meio ambiente e da qualidade de vida das populações.
Mas não é somente no Pará que a fiscalização está nas matas, rios e estradas. Segundo a assessoria do Ibama, neste momento estão em andamento 23 operações em oito Estados da Amazônia Legal. O maior número, 17, se concentra no Mato Grosso, no Pará e em Rondônia, Estados onde tradicionalmente os problemas são mais graves. Somadas com as oito operações no Pará há outras seis em Mato Grosso e três em Rondônia. Duas outras operações estão sendo desenvolvidas no Maranhão, além de uma em Roraima, Amazonas, Acre e Amapá.
Futuro - Um amplo debate sobre o futuro da floresta amazônica começa hoje, em Brasília, promovido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e o Centro de Pesquisas Woods Hole. O ponto alto será a apresentação dos resultados de um projeto que está simulando a influência de políticas públicas sobre as economias, o meio ambiente e o clima da região. Também serão debatidas estratégias para uma abordagem integrada de conservação e de desenvolvimento para a Amazônia, envolvendo governos, sociedade civil, setor privado e pesquisadores.
Com o projeto 'Cenários para a Amazônia estão sendo realizadas projeções em computadores que demonstram o que poderá restar da floresta se não forem tomadas medidas eficazes contra o avanço do desmatamento e para o controle do impacto de grandes obras de infra-estrutura. Também foram avaliados possíveis efeitos sobre as águas, animais, geração de renda e indústria madeireira.
Entre outras previsões, o estudo mostra que, se persistirem as tendências de desenvolvimento para a região, até 2050 restarão apenas 53% da floresta amazônica, uma centena de mamíferos estarão ameaçados e seis grandes bacias hidrográficas perderão mais de 60% da cobertura florestal. Pelo contrário, metade do desmatamento previsto para os próximos anos poderia ser evitado com a criação de mais parques e reservas, com respeito ao Código Florestal e ainda com o aproveitamento de novos mercados.
Globalização contribui para fortalecer desmatamento, afirma biólogo
Para o biólogo Daniel Nepstad, do Ipam, a globalização econômica tem fortalecido atividades que aumentam as taxas de desmatamento, como o plantio de soja, a criação de gado, a mineração e a construção de hidrelétricas para alimentar grandes empreendimentos. Pecuaristas, agricultores, madeireiros, pescadores e mineradores estariam cada vez mais atrelados ao mercado internacional.
Novos portos e estradas estão ligando regiões florestais preservadas ao mundo das commodities, aumentando o potencial de geração de riquezas mas ao mesmo tempo ameaçando recursos naturais. Este modelo de globalização traz riscos para a região, ao mesmo tempo em que apresenta oportunidades para alavancar forças de mercado que poderiam promover uma gestão socioambiental sustentável da Amazônia. 'A preservação não depende só dos órgãos ambientais, envolve os setores de transportes, infra-estrutura e agricultura', disse Daniel Nepstad, que também é professor da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Os debates em Brasília envolverão temas como controle do desmate, desenvolvimento sustentável, agroindústria, o papel de parques e reservas na conservação de florestas, estradas, hidrelétricas e medidas econômicas para preservação ambiental. 'Esperamos que essa pesquisa contribua para que as políticas de desenvolvimento não entrem em conflito com as políticas públicas de meio ambiente. Elas precisam caminhar juntas', disse Nepstad.
No primeiro dia do evento promovido pelo Ipam em Brasília serão apresentadas análises de possíveis futuros para a Amazônia. Pelo Ipam, por Britaldo Soares Filho, da Universidade Federal Minas Gerais, e ainda sobre o planejamento regional para o asfaltamento das rodovias BR-163, entre Cuiabá e Santarém, e BR-317, que liga Rio Branco à fronteira com o Peru e segue até o Oceano Pacífico.
Riscos sociais dessa 'nova economia globalizada' serão avaliados por Márcio Santilli, do Instituto Socioambiental (ISA), e por Jean Pierre Leroy, da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase).

O Liberal, 10/05/2005

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