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Ibama fecha supergarimpo de ouro

Jornal do Brasil-Rio de Janeiro-RJ
Autor: Orlando Farias
10 de Set de 2002

Agentes apreenderam 340 balsas no Rio Madeira

A maior frente de garimpagem ilegal da Amazônia foi varrida do mapa numa operação sigilosa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) e da Polícia Civil do Amazonas. A ação, encerrada domingo, ocorreu ao longo do rio Madeira e seus afluentes Marmelo e Copemã. Um total de 340 balsas de garimpagem foram apreendidas e 1.500 homens advertidos de que serão presos se voltarem à atividade. Cerca de 50 homens do Ibama e da Polícia Civil levaram sete dias para desativar as balsas, que estão sendo transportadas para Manaus com todos os equipamentos.
No domingo, as autoridades apreenderam as últimas balsas equipadas com bombas de sucção para coletar cascalhos do leito do rio Madeira. As autoridades lavraram 340 autos de infração aos donos das balsas. Eles deverão se apresentar nas próximas horas à Justiça Federal em Manaus.

- Além de ser o maior garimpo sobre a água, era também o mais pernicioso -, destacou o gerente do Ibama no Amazonas, José Leland, que coordenou a operação. O garimpo operava entre as cidades de Novo Aripuanã e Humaitá. Segundo estudos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), os níveis de contaminação com mercúrio no Rio Madeira chegam a ser 120 vezes maiores que os tolerados pela Organização Mundial da Saúde.

Com os garimpeiros, fiscais e policiais civis apreenderam 100kg de mercúrio que seriam usados na separação e aglutinação do ouro. Leland também informou que os níveis de contaminação medidos anualmente na região amazônica podem aumentar de forma alarmante por causa da atividade acelerada em que se encontrava a lavra.

Em face de haver muito mercúrio retido em morros (material misturado com o rejeito da exploração) , diz o gerente do Ibama, uma enchente do Madeira poderia provocar tragédia nos moldes de Minamata, no Japão. Lá, centenas de pessoas morreram ou sofreram deformações após ingerirem peixe contaminado por esse produto, atirado na baía de Minamata por uma indústria.

- Infelizmente o mercúrio já atua na cadeia orgânica do Madeira. Encontramos taxas muito altas em peixes e plantas -, diz Leland. Os equipamentos apreendidos começaram a chegar ontem em Manaus, onde vão ficar retidos tendo os próprios donos como fiéis depositários. A Justiça Federal decidirá o destino dos equipamentos.

Com o fim da garimpagem no Madeira, espera-se que os 5 mil homens que ali trabalhavam migrem para outros locais.

- Por causa da atividade, praticamente inexiste agricultura às margens desse rio - , revela Leland, ponderando ser difícil imaginar se o Rio conseguirá reverter a tendência de exaustão e morte. Em 30 anos de garimpagem, o rio sofreu um brutal processo de assoreamento, apresentando cada vez mais bancos de areia no curso e redução da população de peixes.

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