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Ibama do AM entra hoje em greve contra mudanças

OESP, Nacional, p. A7
04 de Mai de 2007

Ibama do AM entra hoje em greve contra mudanças

Liege Albuquerque

Os 280 funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis (Ibama) no Amazonas entram hoje em greve por tempo indeterminado. A paralisação dos servidores não é por reivindicações salariais, mas para pressionar o governo federal a recuar na reestruturação do órgão. "Em vez de fortalecer o Ibama depois de 19 anos de atividade, o governo Lula está destruindo a estrutura", afirma o analista ambiental Marcelo Dutra, um dos coordenadores da greve no Estado.

A paralisação no Amazonas, de acordo com Dutra, deve ser seguida nos próximos dias por outros Estados. Em Brasília, funcionários do órgão estudam entrar em greve desde que oito analistas se recusaram a conceder licença ambiental para a construção de duas usinas hidrelétricas no Rio Madeira, em Rondônia. O projeto é uma das prioridades do governo Lula e está incluído no Programa de Aceleração da Economia (PAC).

PROTESTO

Ontem servidores do Ibama em Brasília também protestaram contra a reformulação empreendida pelo Ministério do Meio Ambiente. Cerca de 300 funcionários passaram o dia em manifestações contra a medida provisória que dividiu o Ibama e criou o Instituto Chico Mendes. Eles foram ao Congresso pedir apoio dos parlamentares para a derrubada da MP.

Na semana passada, foi publicada a medida provisória que cria uma nova autarquia, o Instituto Chico Mendes, que segundo a ministra Marina Silva, terá a função de gerir as 288 Unidades de Conservação do País - as de uso sustentável e de proteção integral -, além de gerir as reservas extrativistas. Ao Ibama caberá fiscalizar os crimes contra o meio ambiente e conceder o licenciamento ambiental.

Segundo Dutra, os analistas ambientais do Ibama entendem que essa estratégia do governo federal "esconde" a intenção de começar a vender terras indígenas. "Hoje já se compram terras no Amazonas sem necessidade de passar pelo Congresso. Certamente será pior para as terras indígenas."

TERRAS

O Ministério Público Federal investiga a venda de milhões de hectares em cinco municípios amazonenses (Itacoatiara, Borba, Lábrea, Manicoré e Humaitá) para a mulher do empresário sueco radicado na Inglaterra Johan Eliasch. O empresário é dono da fábrica de artigos esportivos Head e começou a comprar terras na Amazônia em 2005, em Itacoatiara - uma área de cerca de 1,6 mil quilômetros quadrados.

OESP, 04/05/2007, Nacional, p. A7

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