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Ianomâmis morrem e ONGs serão substituídas

A Crítica-Manaus-AM
14 de Mai de 2006

O posto de saúde da ONG Raita mostra a precariedade do atendimento aos índios

Uma criança, de 1 ano, e um adulto, 64, da etnia ianomâmi morreram vítimas de malária e picada de cobra na cidade de Barcelos. As mortes, que aconteceram nos dias 6 de abril e 1o. de maio, respectivamente, revoltaram a comunidade indígena, porque não houve atendimento adequado. As áreas ocupadas por 2.400 indígenas não têm equipes de saúde e a qualquer momento outras mortes podem ocorrer.
No dia 20 de abril último a organização não-governamental Secoya, responsável pelos serviços médicos dos ianomâmis na região, parou suas atividades por falta de recursos financeiros.

"Nós temos dívidas e nossos funcionários estão há três meses sem receber. A Funasa (Fundação Nacional de Saúde) precisa nos repassar, no mínimo, R$ 347 mil para que a gente possa sair desta situação. As mortes nos arrasaram, porque tínhamos alertado que a penúria de recursos tinha nos deixado sem remédios, equipamentos e logística para atender as 19 comunidades da área. As mortes foram uma tragédia", disse Sílvio Cavuscens, coordenador geral da Secoya.

Falta tudo, desde os medicamentos básicos de combate a malária como Primaquina, Cloroquina e Mefloquina até óleo diesel para as lanchas. O crédito nessas cidades e em Manaus foi cortado para os funcionários da Secoya, não por má fé, mas pelo fato de que há vários meses os fornecedores não recebem um centavo.

Os números evidenciam a gravidade da situação na região. De janeiro a 15 de abril foram registrados 510 casos de malária. A previsão do enfermeiro-chefe da Secoya, Alessandro Romero, 27, é a de que mais da metade dos ianomâmis da área devem ser infectados nos próximos meses, se não houver uma efetiva atuação de campo.

O coordenador regional da Funasa no Amazonas, Francisco Aires, acionou o Ministério Público Federal para que seja feita uma investigação do paradeiro dos recursos que foram repassados para a Organização Não-governamental Amiatã, que cuida da saúde dos índio do Vale do Javari. "Nós repassamos R$ 982 mil para pagamento dos funcionários locais no dia 23 de março último e não foi feita a prestação de contas deste dinheiro".

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