HUB inaugura ambulatório médico exclusivo para atendimentos a indígenas

O secretário Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Antônio Alves de Souza, participou na tarde desta quarta-feira (24) da cerimônia de lançamento do Programa de Atendimento Integral à Saúde Indígena e da abertura do ambulatório de Saúde Indígena do Hospital Universitário de Brasília (HUB). A cerimônia aconteceu no auditório do HUB e contou com a presença da presidenta da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta Azevedo, de professores da Universidade de Brasília (UnB), além de lideranças indígenas, pajés e estudantes.

"O HUB está de parabéns por esta iniciativa, que marca um momento histórico. Um dos desafios que está lançado à saúde indígena diz respeito à preparação dos nossos profissionais para atuar com comunidades indígenas. Eles precisam estar aptos para trabalhar em contextos interculturais, precisam conhecer as especificidades culturais da comunidade atendida, entender a importância dos pajés, curandeiras e parteiras, e isto tem faltado na formação destes trabalhadores", destacou o secretário Antônio Alves, durante a abertura do evento.

Ele também ressaltou que esta necessária preparação não deve ser restrita à formação dos profissionais, mas ser estendida à organização dos serviços disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "O indígena tem seus hábitos alimentares. Algumas etnias, por exemplo, não comem carne vermelha, nem carboidratos. Eles não estão acostumados a dormir em camas, mas em redes e, mais uma vez, volto a destacar o pioneirismo do HUB ao criar um ambulatório específico para cuidar dos indígenas que encaminhamos da nossa Casa de Saúde Indígena (Casai) daqui do DF".

O diretor Geral do HUB, Hervaldo Sampaio, também destacou a importância do novo ambulatório e lembrou que a iniciativa é fruto de um trabalho coletivo que contou com o envolvimento de professores e alunos indígenas. "Em uma visita que realizamos à Casai do DF notamos que nós ainda não fazíamos nada diante do que poderia ser feito para melhorar a assistência aos indígenas que eram referenciados aqui para Brasília para fazer algum tipo de tratamento. O que estamos propondo com este ambulatório é mais dignidade ao tratamento dessas pessoas, respeitando, sobretudo, suas especificidades culturais", disse o diretor.

Ambulatório

O Ambulatório de Saúde Indígena é parte de um projeto mais amplo de promoção da atenção integral à saúde indígena no HUB e é fruto de uma parceria entre a Universidade de Brasília (UnB) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

Entre os objetivos específicos do novo ambulatório, a coordenadora do serviço, a professora Maria da Graça Hoefel, destaca a implantação de um processo de integração ensino-serviço no campo da Atenção à Saúde dos Povos Indígenas; a contribuição para construção de novas práticas interculturais da Atenção Integral à Saúde Indígena; e o subsidio de processos de formação para práticas do trabalho em equipe multiprofissional, interdisciplinar e intercultural.

"Outra importante contribuição está na mudança do modelo de formação em saúde por meio da inserção dos estudantes indígenas da UNB em cenários de práticas de atenção à saúde indígena e por meio da educação permanente em saúde", destacou Maria da Graça.

Funcionamento

O ambulatório funcionará inicialmente às segundas, quartas e sextas, atendendo os indígenas referenciados pela Casai de Brasília, bem como estudantes indígenas da UNB que necessitem de assistência médica. A direção do hospital está estudando um modelo de acompanhamento por parte de estudantes indígenas em formação, ou recém-formados, para garantir mais qualidade na assistência, na medida em que ajudarão aos demais profissionais a compreenderem as especificidades de cada etnia.

Atualmente, existem cerca de seis mil indígenas vivendo no Distrito Federal. No Brasil, quase 818 mil, representados em 305 etnias.

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