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Homem-Aranha Guarani quer terra

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
Autor: ÂNGELA BASTOS
23 de Fev de 2005

Inevitável influência do branco não esmorece luta pelo domínio das áreas indígenas

Um indiozinho Guarani irrompe por um dos caminhos da aldeia Mbyá no Morro dos Cavalos, às margens da BR-101, em Palhoça, na Grande Florianópolis. Veste-se de Homem-Aranha. Provavelmente, fantasia do recente Carnaval usada por alguma criança branca. O menino junta-se a outros para brincar. No local vivem 136 índios, 80 com menos de 15 anos. Poucos metros adiante um índio adulto e uma antropóloga comentam a cena.

- Temos televisão na aldeia e isso influencia - conta o morador Leonardo Wera Tupã, 32 anos.

- Faz parte do jogo das relações. O branco usa brinco e colar e nem por isso se transformou em índio - analisa a pesquisadora Maria Inês Ladeira, do Centro de Trabalho Indigenista (CTI).

Eles falam também sobre a terra, o maior problema para os Guarani, que se espalham do Litoral do Rio Grande do Sul ao do Espírito Santo. O assunto está em discussão hoje e amanhã no seminário promovido em parceria com o Centro de Trabalho Indigenista (CTI). O evento começa às 8h com a distribuição do livro Terras Guarani no Litoral, um estudo do CTI que aponta a escassez de áreas e os conflitos. Em seguida será feita a apresentação do Programa Ambiental Guarani e o Panorama da situação das Terra Guarani no Litoral (RS ao ES).

Cem áreas do Litoral gaúcho ao capixaba

São esperadas lideranças Guarani e representantes da Procuradoria da República, da Fundação Nacional do Índio (Funai), de universidades e de organizações não-governamentais. O evento se encerra ao meio-dia de amanhã.

Estima-se em cerca de cem as áreas dos Guarani localizadas do Litoral gaúcho ao capixaba. A população nas regiões Sul e Sudeste gira em torno de 10 mil. No Brasil seriam 140 aldeias, incluindo-se mais cerca de 25 mil índios Kaiová que vivem no Mato Grosso do Sul.

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