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Histórias de fantasmas

Veja, Artes & Espetáculos, p. 130-133
06 de Nov de 2013

Histórias de fantasmas
O relato de um jornalista que acompanhou uma expedição em uma área remota da Amazônia em busca de um dos últimos povos isolados do planeta

Leonardo Coutinho

O sertanista Sydney Possuelo, de 73 anos, passou mais da metade de sua vida mergulhado na Amazônia, e metade desse tempo foi dedicada a uma missão singular: a defesa de fantasmas. Ocultos sob as copas cerradas da Floresta Amazônica, vivem seres humanos invisíveis para a maioria das pessoas. Vagueiam como espectros pelas matas e fogem diante da menor tentativa de contato por parte dos brancos, mantendo intacto - ou quase - o seu modo de vida, como se os europeus jamais tivessem desembarcado por aqui. A existência desses índios é comprovada por relatos esparsos e por incidentes envolvendo madeireiros ou garimpeiros, sempre os primeiros a invadir seus territórios (uma tribo é dita "isolada" quando não tem interação regular com a civilização moderna. mas isso não significa que nunca tenha tido encontros - às vezes traumáticos - com esta). Como para as autoridades não basta a crença no que não se vê, Possuelo registrou ocupações rudimentares abandonadas por tribos seminômades, coletou indícios de mato roçado em andanças dos índios, perseguiu pegadas humanas e mapeou a ocorrência de restos de caça tratados e assados em fogueiras. Juntando cada uma dessas pistas deixadas por índios isolados, ele conseguiu o apoio institucional e, sobretudo, o reconhecimento internacional para blindar áreas onde esses vestígios eram documentados. Em 2002, já reconhecido como a maior autoridade no assunto, Possuelo empreendeu uma de suas expedições mais ambiciosas. Partiu da amazonense Tabatinga, na fronteira do Brasil com a Colômbia, em uma viagem de três meses para identificar o território dos até hoje desconhecidos flecheiros. A jornada é narrada pelo jornalista americano Scott Wallace, que a acompanhou, em Além da Conquista (tradução de Daniel Estill; Objetiva; 512 páginas; 59,90 reais).

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Veja, 06/11/2013, Artes & Espetáculos, p. 130-133

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